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Quer se acalmar? Fale em terceira pessoa (como o Edson)

Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, adora falar de si mesmo em terceira pessoa. Bom pra ele. Um novo estudo está indicando que isso é ótimo.

Por Felipe Germano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
27 jul 2017, 17h25

Você chegou tarde no trabalho. Logo de cara seu chefe começa a gritar contigo, e ao sentar na sua mesa, vê que seus pais te ligaram: sua vó ficou doente e a grana para a cirurgia está apertada. Sua vida está um caos. A única saída é se acalmar, mas como você faz isso? a) Pensa “Calma, eu vou conseguir passar por isso” ou b) Pensa “Calma, INSIRA SEU NOME AQUI, você vai conseguir passar por isso”.

O que um estudo americano acabou de apontar é que, se você escolheu a segunda opção, as chances de você, de fato, conseguir se acalmar são muito maiores.

O que pesquisadores, vindos da Universidade de Michigan (MU, na sigla em inglês) e da Universidade Estadual de Michigan (MSU), descobriram é que falar em terceira pessoa (ou seja, chamar a si mesmo por seu nome, como se você fosse outro indivíduo) ajuda na hora de lidar com picos de estresse. A ideia é que, por alguns milésimos de segundo, seu cérebro entende que você é, de fato, outra pessoa. “Isso ajuda as pessoas a ganharam uma pitada de distância psicológica das suas experiências, o que pode ser bastante útil para regular as emoções”, afirma Jason Moser, psicólogo na MSU e responsável pelo estudo.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores realizaram dois estudos. No primeiro pediram para 29 voluntários assistirem a algumas imagens, enquanto eram monitorados por um eletroencefalograma (aparelho que registra as atividades cerebrais). Os participantes tinham que verbalizar, em voz alta, tudo aquilo que estavam pensando. Em determinado momento da experiência, os voluntários eram expostos a imagens violentas (um homem com uma arma apontada para a própria cabeça, por exemplo) e tinham que se acalmar. Quando tentavam fazer isso chamando a si mesmos na terceira pessoa, sua atividade na região do cérebro responsável pelas emoções tinha uma queda mais rápida do que a de quem se referia a si mesmo na primeira pessoa.

O segundo estudo era ainda mais direto. Também enquanto eram monitorados, outros 30 participantes relatavam situações pessoais que lhes trouxeram desconforto. O resultado foi o mesmo. Se João falasse “foi muito difícil pra mim”, seu cérebro ficava muito mais inquieto do que se ele dissesse “foi muito difícil pro João”, as diferenças eram facilmente notadas nos gráficos resultantes dos testes. “Essencialmente, acreditamos que quando você se refere a si mesmo na terceira pessoa, isso leva você a se enxergar de forma muito parecida a como que enxerga os outros”, afirma Moser.

Aqui no Brasil, quem insiste em se chamar na terceira pessoa é Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. Não à toa, virou rei.

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