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O que significa “masking” ou camuflagem social no autismo?

Algumas pessoas dentro do espectro autista escondem trejeitos para parecerem não autistas. Embora o masking ajude em situações sociais, pode ter um impacto devastador na saúde mental.

Por Leo Caparroz
2 abr 2024, 20h07

O Dia Mundial da Conscientização do Autismo, comemorado hoje, 2 de abril, foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2007. A data tem o objetivo conscientizar a população e reduzir a discriminação e o preconceito contra os indivíduos que apresentam o Transtorno do Espectro Autista (TEA). 

Quem tem TEA lida com déficits na cognição, na capacidade de comunicação e na interação social. Exibe comportamentos repetitivos e tem dificuldade em abrir mão de sua rotina. São muitas nuances no espectro e cada indivíduo tem suas particularidades, mas o cérebro dessas pessoas funciona de um jeito diferente.

O que não é ruim, óbvio – só é diferente. A sociedade muitas vezes é hostil com aqueles que não se encaixam no “normal” ou que apresentam comportamentos considerados fora do padrão. Muitas pessoas escondem certos traços de comportamento atrás de atitudes socialmente aceitas, para evitar serem reconhecidos como neurodivergentes.

Esse processo de tentar imitar comportamentos neurotípicos é chamado de “masking”, “mascaramento” ou “camuflagem social”. Ele pode envolver mudanças no tom de voz, expressões faciais, contato visual, padrões de discurso e linguagem corporal.

Isso leva à hipervigilância e necessidade de adaptação constante às preferências e expectativas (expressas, implícitas ou antecipadas) das pessoas ao seu redor. Além da tentativa de controlar a forma com que se expressa baseado nas reações reais ou previstas de outras pessoas.

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Pessoas autistas fazem essas mudanças para tentar corresponder às normas sociais dominantes. Esse esforço, consciente ou inconsciente, é desgastante e pode causar imenso estresse para os indivíduos – além de levar a sérios problemas de saúde física e mental, como depressão e ansiedade. 

Essas mudanças são diferentes dos pequenos ajustes que as pessoas neurotípicas fazem em resposta a sinais sociais. Enquanto elas modelam seu comportamento para aumentar o sucesso em uma situação social, o mascaramento é usado para evitar consequências negativas, para que os autistas sejam aceitos e se encaixem.

Elas incluem, mas não se limitam a: usar expressões faciais (talvez espelhando as de outras pessoas) que não lhe sejam naturais; se forçar a fazer contato visual ou monitorar o quanto de contato visual você está fazendo; mudar a fala ou o tom de voz; suprimir, reduzir, ocultar ou trocar estímulos; reduzir reações visíveis às sensibilidades sensoriais; planejar com antecedência o que você quer dizer a alguém; fazer mais perguntas do que você pode se sentir confortável ou interessado; não compartilhar seus interesses com medo de que possam ser considerados inadequados; ou imitar elementos de visual e aparência. Tudo isso se resume a: esconder desconforto e fingir algo que você não é.

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A camuflagem social está associada à exaustão física, emocional e intelectual, ansiedade, depressão, baixa autoestima, autopercepção negativa, perda de identidade e esgotamento.

No entanto, quando não escondem seus trejeitos neurodivergentes, muitas pessoas autistas relatam ter dificuldade em conseguir empregos e qualificações ou sofrem com problemas de exclusão social – com risco até de agressões verbais e físicas.

Historicamente, o “masking” é um empecilho para o diagnóstico de meninas autistas. Como é esperado que garotas obedeçam desde cedo a certas regras sociais, elas logo aprendem a se camuflar atrás de comportamentos “de moça”. Se o diagnóstico não vem na infância, é possível que as mulheres se tornem cada vez melhores em mascarar os sinais do autismo – o diagnóstico pode vir só depois de anos. Com a idade, homens não diagnosticados também podem melhorar suas máscaras.

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Como resolver?

Para os autistas que sofrem com as consequências do mascaramento, as dicas envolvem administrar melhor o estresse. Algumas atividades drenam ou recarregam suas energias, permitir um tempo para se recuperar após interações sociais  pode diminuir a exaustão, por exemplo.

Ter um diagnóstico de autismo pode ajudá-lo a identificar a natureza de seus comportamentos. Além disso, processos de autorreflexão podem contribuir para priorizar quais são seus verdadeiros interesses, valores, seu perfil sensorial e identidade – o que pode ser feito com terapia.

Para a sociedade, a melhor forma de apoiar essas pessoas (com ou sem máscaras), é ter mais aceitação com comportamentos diferentes. As pessoas autistas recorrem à camuflagem social para evitar o estigma, o preconceito, a discriminação e outras rejeições que podem enfrentar só porque são autistas. Se a sociedade aceitasse mais a expressão e se acomodasse às diferenças, haveria menos motivos para suprimir essas características.

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