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O que é real nas cenas destes filmes “baseados em fatos reais”?

Um infografista analisou 17 longas - e mostrou o que é verdade (e mentira), em cada um deles.

Por Felipe Germano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
11 set 2018, 18h27

“Baseado em fatos reais” é uma frase ampla. Os cineastas podem estar tanto comprometidos em reproduzir absolutamente tudo (figurino, trejeitos, locações, diálogos) de maneira fidedigna, quanto simplesmente podem estar querendo contar uma história que apareceu na cabeça deles depois de ler um jornal. Isso não interfere na qualidade do filme. Tubarão, por exemplo, é uma clássico – e se enquadra justamente nessa segunda situação. Independente disso, é inevitável sair do cinema se perguntando “o que realmente aconteceu ali?”. O final feliz, aqui, é que você vai descobrir.

Criado pelo infografista David McCandless, o site Information is Beatiful é uma iniciativa que checa informações e as ilustra de maneira interativa. Em um de seus projetos, a página resolveu apurar o que, de fato, é verdade em 17 longas que insistem terem sido feitos pensando em acontecimentos reais. Conferindo, cena a cena, o que faz sentido quando olhamos para a história.

Existem cinco avaliações que cada cena pode receber: verdadeira, quase verdadeira (quando o filme altera alguns poucos detalhes, como a festa na mansão de O Lobo de Wall Street, que, na verdade, aconteceu numa praia), falsa, quase falsa  (quando há uma boa pitada de licença poética: em Lion, por exemplo, uma cena mostra o menino perdido devorando uma maçã estragada. Não aconteceu, mas, de fato, ele procurou todo tipo de comida, pois estava faminto) e inconclusiva – quando não há nenhuma prova que possa negar ou confirmar o que aconteceu.

Na avaliação de McCandless o filme que se saiu melhor foi Selma: Uma Luta pela Igualdade, longa que mostra a jornada de Martin Luther King pelo direito ao voto dos negros. Foi o único dos 17 analisados que não contou mentiras ou semi mentiras.

Do outro lado do ranking está O Jogo da Imitação. O filme, que conta a história de Alan Turing, conseguiu falar verdades apenas em 41,4% do tempo – se eliminarmos as cenas quase verdadeiras, o número cai para aterrorizantes 18,6%. Isso por conta de cenas como a que Turing confundiria um computador com uma pessoa – sendo que o cientista nunca teve nenhuma deficiência intelectual na vida real.

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A grande maioria dos longas, no entanto, fica no meio termo – e com mais acertos do que erros. A Grande Aposta, por exemplo, conta com 91,4% de cenas verdadeiras (salvo poucas mentiras, como um personagem jornalista que não existe na vida real).O Lobo de Wall Street é certeiro em 80% do filme (e, sim, a cena do carro realmente aconteceu). A Rede Social é verdadeira em 76,1% do tempo: as cenas envolvendo a ex-namorada de Zuckerberg, Erica, foram inventadas para dar mais dramaticidade ao roteiro, assim como as brigas dele com Eduardo Saverin – que foram aumentadas no filme. Mesmo assim, o longa ainda é mais verdadeiro que Estrelas Além do Tempo, que falou a verdade em 74% do filme.

O site, que você pode acessar clicando aqui, mostra fotos das cenas analisadas, dá a minutagem exata em que elas acontecem, explica o que está certo (ou errado) e ainda permite que você controle se quer ou não ver as quase verdades/quase mentiras. Sim, você acaba de achar uma desculpa para rever todos esses filmes. De nada.

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