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Nem seus amigos reconhecem suas emoções online

Será que esse emoji foi irônico? Segundo um novo estudo, temos confiança em excesso na hora de interpretar mensagens online: não adianta brigar por WhatsApp

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 19 mar 2018, 12h42 - Publicado em 5 set 2016, 20h15

A internet é a terra dos mal entendidos. Seja no Facebook, no WhatsApp ou até ao escrever esse texto, não há como ter certeza de que o leitor vai captar o tom da mensagem.

Um novo estudo da Universidade Chatham, nos Estados Unidos, comprovou o que você talvez já tenha percebido por experiência própria: é muito difícil entender as emoções das pessoas online, sejam elas estranhas ou amigos próximos.

Durante a pesquisa, os cientistas pediram que uma série de participantes escrevessem alguns e-mails e marcassem que emoções estavam expressando no texto. As opções eram alegria, confiança, medo, surpresa, tristeza, nojo, raiva e antecipação. Além disso, classificavam de 1 a 7 a intensidade de cada emoção.

Na etapa seguinte, essas mensagens foram enviadas a dois grupos diferentes de leitores: amigos dos voluntários e completos desconhecidos. A maioria dos participantes acreditava que os dois grupos compreenderiam o tom da mensagem razoavelmente bem — mas tinham mais fé nos amigos.

Do outro lado, os leitores também estavam bem confiantes na sua capacidade de distinguir emoções via mensagens online, especialmente se o remetente era um amigo.

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Ambos estavam errados: tanto estranhos quanto amigos tiveram dificuldade para identificar as emoções alheias pela internet. Amigos, de fato, foram levemente mais certeiros, especialmente quando eram muito próximos do participante em questão, mas nem por isso conseguiram interpretar claramente o tom do e-mail.

Os leitores identificavam emoções negativas com um pouco mais de facilidade que as positivas. Mas tudo ficava bagunçado de novo quando avaliavam a intensidade. De acordo com os autores, as pessoas identificavam bem a raiva, mas não o quão raivoso estava o cara do outro lado. E pior: tendiam a superestimar as emoções que liam.

Sem expressões faciais, gestos ou tom de voz para informar melhor o leitor, alguém levemente incomodado pode soar furioso — e dessa Torre de Babel surge uma briga onde ninguém entende nada. E não adianta apelar para emojis — nem eles nem os pontos de exclamação melhoram a compreensão online, segundo a pesquisa.

Em resumo: os dois lados têm certeza de que estão entendendo e sendo entendidos, a frieza da plataforma não ajuda, todo mundo superestima o lado negativo do discurso alheio e não há espaço para sutilezas. É ou não é um belo retrato da internet?

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