Um atleta de 46 anos, que corre ou pedala 30 quilômetros diariamente desde a juventude, deixou que cientistas suecos tirassem microamostras de músculos de suas pernas, antes e depois de várias maratonas, para saber o que acontece com o corpo humano quando corremos. Notou-se que, logo após a corrida, muitas fibras musculares morreram por falha na circulação sanguínea. Depois, no processo de regeneração, há uma troca: fibras tipo 2, que queimam grande quantidade de energia e se contraem mais lentamente. Isso nunca tinha sido observado.
O professor de educação física Alberto Carlos Armadio, da Universidade de São Paulo, explica que as fibras tipo 1 acumulam menos ácido lático, substância inibidora produzida pelo músculo ao queimar energia. Um dos sinais do músculo é a dor.depois de certo tempo, o excesso do ácido faz com que o músculo não suporte mais o esforço. Por isso, as fibras tipo 1 que constituem 45 por cento dos músculos dos adultos são “especializadas” em esportes de resistência, como a maratona. “Resta saber se a troca observada no caso do atleta sueco ocorre com todos os corredores”, observa o professor Armadio. “Afinal, trata-se de uma única experiência.”