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E se a água potável acabar?

O que aconteceria se a água potável do mundo acabasse?

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h49 - Publicado em 24 jun 2012, 22h00

Raphael Soeiro

As teorias mais pessimistas dizem que a água potável deve acabar logo, em 2050. Nesse ano, ninguém mais tomará banho todo dia. Chuveiro com água só duas vezes por semana. Se alguém exceder 55 litros de consumo (metade do que a ONU recomenda), seu abastecimento será interrompido. Nos mercados, não haveria carne, pois, se não há água para você, imagine para o gado. Gastam-se 43 mil litros de água para produzir 1 kg de carne. Mas não é só ela que faltará. A Região Centro-Oeste do Brasil, maior produtor de grãos da América Latina em 2012, não conseguiria manter a produção. Afinal, no País, a agricultura e a agropecuária são, hoje, as maiores consumidoras de água, com mais de 70% do uso. Faltariam arroz, feijão, soja, milho e outros grãos.

A vida nas metrópoles será mais difícil. Só a Grande São Paulo consome atualmente 80,5 bilhões de litros por mês. A água que abastece a região virá de Santos, uma das grandes cidades do litoral que passarão a investir em dessalinização. O problema é que para obter 1 litro de água dessalinizada são necessários 4 litros de água do mar, a um custo de até US$ 0,90 o m³, segundo a International Desalination Association. Só São Paulo gastaria quase R$ 140 milhões em dessalinização por mês. Como resultado, a água custaria muito mais do que os R$ 3 por m³ de hoje.

Mas há quem não concorde com esse cenário caótico. “A água só acaba se você acabar com o ciclo dela”, diz Antônio Félix Domingues, da Agência Nacional de Águas. “Tudo é questão de custo. Com dinheiro, você pode tornar até sua urina potável.” Mas, se ela acabasse, a água seria um bem disputado, motivo de guerras e de exclusão social. “Poucas pessoas teriam acesso, provavelmente as mais abastadas. A água poderia virar um elemento segregador”, diz Glauco Freitas, coordenador do Programa Água para a Vida, da ONG WWF-Brasil.

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Guerras aquáticas
Em 2050, a falta d’água ditaria a política e o cotidiano

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Última geleira
Em 2012, a estimativa é que 68,7% da água potável disponível está em calotas polares ou geleiras. Sim, o aquecimento global facilitou o acesso a essa água. O degelo já originou rios na Índia e no Nepal, por exemplo. Mas em 2050 quase toda essa água, possivelmente, já terá virado vapor. As últimas geleiras seriam alvos de cobiça. E, para não ter que extrair água delas, uma das soluções seria…

…Secar o ar
Grandes coletores de ar, que condensam a água na atmosfera, já existem e foram testados em desertos na Índia, por exemplo. No entanto, eles teriam que ser instalados longe dos grandes centros, pois os efeitos colaterais são graves: em grande escala, causam de problemas pulmonares a desertificação.

Bebendo urina
Na Estação Espacial Internacional, desde 2008 astronautas bebem água graças a um equipamento que recicla suor e urina. Em 2050, todas as casas teriam água de reúso para cozinhar e beber. A tecnologia de purificar líquidos de esgoto também deverá ser popular.

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Oásis alienígena
Potências espaciais como Estados Unidos, Rússia, Índia, Paquistão e China, além de empresas privadas, deverão iniciar uma nova corrida espacial. O objetivo seria buscar água em asteroides e nas calotas polares de Marte, onde haveria mais água que no solo da Lua.

Potências aquíferas
Quem investir antes em dessalinização largará na frente. Hoje, na Arábia Saudita, por exemplo, 70% da água é dessalinizada. Nações sul-americanas como o Brasil também serão importantes por causa do aquífero Guarani, maior fonte de água subterrânea do mundo, que fica sob nossos pés.

Mar morto
Se a dessalinização é o recurso mais viável para obter água doce, ela também gera um grande impacto ambiental. Além do gasto de energia, a dessalinização ameaça a vida marítima nas regiões costeiras, segundo a ONG WWF. O mar vai ficar sem sal – com o perdão do trocadilho.

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