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Conheça o Orkut, Mark Zuckerberg

O Facebook agora vale o dobro da Boeing. E, pelo potencial que ele tem, ainda parece pouco. Mas a história das redes sociais, e de boa parte do mundo da tecnologia, diz o contrário.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h47 - Publicado em 29 fev 2012, 22h00

Alexandre Versignassi

“Qual é a melhor balada de São Paulo hoje?”, perguntei pro Felipe Van Deursen, editor e “presidente da Atlética” da SUPER, um entendido no assunto. “É o Facebook, cara.” Não tinha ironia na resposta. Se o Felipe estiver certo (e tudo indica que está), o Face também é a melhor balada de Santa Rita do Passa Quatro, de Los Angeles, de Veneza e de Ulaanbaatar, na Mongólia, onde 92% da população com algum acesso à internet tem um perfil ali.

Não que essa história seja novidade. Menos ainda no Brasil. Quem é adolescente hoje provavelmente se alfabetizou lendo testimonials do Orkut. Numa época em que o resto do mundo não conhecia ou estava pouco interessado em redes sociais, quase todo mundo aqui já tinha seu Orkut, cheio de fotos e scraps, com status de relacionamento, lista de interesses pessoais, comunidades…

O Orkut até que continua bem no Brasil – só foi ultrapassado pelo Facebook agora, em dezembro de 2011. Mas tudo indica que ele caminha para o mesmo cemitério de grandes novidades onde jazem AltaVista, Geocities, Ask Jeeves, Cadê?… É um ramo tenso esse. Nem os gigantes passam a vida tranquilos. A Microsoft chegou a valer US$ 750 bilhões em dinheiro de hoje. Agora é um terço disso. A AOL ostentou um valor de mercado de US$ 390 bilhões. Hoje custa US$ 1,8 bi. O Google valia US$ 230 bilhões em 2007. Perdeu US$ 30 bi de lá para cá (sim, a Apple vai bem e é a maior empresa do mundo, batendo nos US$ 500 bilhões, mas aí é diferente; ela faz dinheiro com coisas físicas, de vidro, alumínio e silício, não redes sociais, sites ou software – por esse ponto de vista, a Apple está mais para uma Boeing que para um Google ou uma Microsoft).

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E o Facebook? Você sabe: a expectativa é que a entrada dele na bolsa faça com que o preço somado de todas as ações da empresa (seu “valor de mercado”) bata em US$ 100 bilhões – o dobro de um ano atrás. Isso para uma empresa que deu US$ 1 bilhão de lucro em 2011; ou seja: se você ganhar uma impressora de dólares e comprar o Facebook semana que vem, vai levar um século para recuperar o investimento. Se comprasse o Google, recuperaria em 20. A Petrobras, em 9. Está caro o Facebook, não?

Talvez não. Se você olhar com atenção os planos de Mark Zuckerberg, o fundador, chefe e dono de 28,4% das ações da empresa, pode concluir que está é barato. Zuckerberg age com firmeza para evitar que sua rede social vá para o cemitério ou caminhe para uma decadência elegante à la Microsoft. Mark quer pegar você. Mais do que já pegou, até. Quem tem Facebook passa praticamente tanto tempo na rede social quanto no resto da internet, certo? Zuckerberg quer mais: quer que você leia cada vez mais jornais e revistas, jogue mais games, veja mais vídeos e ouça mais música sem ter o incômodo de sair do Facebook para isso.

Quanto mais tempo cada um passa na rede social, mais caro Mark pode vender anúncios ali. E não são quaisquer anúncios. Mudou seu status para “em um relacionamento sério”? Pode aparecer a propaganda de uma loja de alianças na sua tela. Casou? Tome anúncio de geladeira. TVs, jornais, revistas e sites dariam um braço para ter como anunciar tão diretamente para cada “cliente”. O Facebook nasceu com esse potencial. Já aprendeu a fazer dinheiro com ele. E tudo indica que esse bilhão de lucro no ano passado foi só uma amostra. Quanto mais gente passando mais tempo no Facebook, e quanto mais esperta ficar a inteligêcia artificial que direciona os anúncios certos para as pessoas certas, mais Zuckerberg vai ganhar – Zuckerberg e seus sócios minoritários, entre eles Bill Gates e Bono Vox, que investiram na companhia quando ela ainda era um Twitter da vida, com mais promessas do que realidades. Promessa, o Facebook não é mais. Mas o teste de realidade ainda não acabou.

O mundo online gira rápido. Rupert Murdoch comprou o MySpace por US$ 580 milhões em 2005. Os usuários debandaram e o magnata vendeu a rede social por US$ 35 milhões. O próprio Orkut, há 7 ou 8 anos, já tinha quase tudo o que o Facebook tem para fazer dinheiro com publicidade direcionada. Mas perdeu o bonde. E hoje uma das maiores comunidades ali é a “Fui para o Facebook”… Diferenças à parte, nada impede que esse limbo seja o destino do próprio Face – é só aparecer um concorrente mais bacana. Se não aparecer, a história do Facebook será uma grande, enorme, exceção. Porque a regra é outra: baladas têm vida curta.

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