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Cientistas descobrem a fórmula matemática da felicidade

Some realidade, subtraia expectativas, misture com inveja e culpa... E temos a previsão quase perfeita para a felicidade humana.

Por Ana Carolina Leonardi
Atualizado em 4 nov 2016, 19h20 - Publicado em 17 out 2016, 20h15

A felicidade está nos números. 

 

Cientistas descobrem a fórmula matemática da felicidade
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Monicão

Pelo menos para os pesquisadores da Universidade College London. Eles desenvolveram uma fórmula para prever matematicamente o nível de felicidade de uma pessoa – e as variáveis desse cálculo nos ajudam a entender quais são os fatores determinantes para que alguém seja feliz.

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A primeira metade da fórmula foi criada em 2014. O principal avanço dela foi mostrar que existe uma correlação enorme entre felicidade e expectativa. Os dados sobre felicidade foram obtidos por meio do joguinho de celular The Great Brain Experiment. Lá, os jogadores eram apresentados a duas situações, uma muito arriscada e outra mais segura e confortável. Eles tinham que escolher sua favorita com base na pergunta “O que te faria feliz?”.

Surgiu assim a Equação da Felicidade 1.0. Ela mede o impacto cumulativo das expectativas recentes de uma pessoa e seus erros de previsão com relação a essas expectativas:

Cientistas descobrem a fórmula matemática da felicidade

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Na fórmula, o t identifica uma experiência específica de alguém. Os w (0, 1 etc.) representam o peso de eventos passados. Já esse termo esquisitão em torno da letra grega Sigma é um fator de esquecimento – ou seja, quanto mais recente é um evento, maior o impacto dele na nossa felicidade atual e vice-versa.

Aí entra o modelo do joguinho de celular: quando uma pessoa escolhe uma opção arriscada, ela está abrindo mão de uma recompensa garantida e segura. É como pensa quem está de dieta: abrir mão do prazer de comer um brigadeiro agora na esperança de sentir um prazer ainda maior quando os números da balança diminuírem.

Na equação, esse exemplo do brigadeiro é representado por CR (certain reward, ou recompensa garantida) e EV (valor esperado). Ou seja, o corpão esperado para o verão. Já o termo RPE é a diferença real entre realidade e expectativa (o quanto de peso a pessoa perdeu de fato menos o que ela esperava perder). Quanto mais perto de zero o RPE, mais certeira a previsão da pessoa foi.

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Resumindo: de acordo com esse cálculo, estar feliz é ver que a realidade está a altura do que esperávamos e melhor do que estaria se tivéssemos escolhido outro caminho (o do brigadeiro).

Depois de tudo isso, os pesquisadores perceberam que as pessoas não vivem em uma bolha. Assim, a felicidade delas é afetada por quem está por perto. Para levar em conta o fator social do bem estar, eles refizeram os testes de risco vs. segurança, mas dessa vez com apostas em dinheiro. Primeiro, eles analisaram como as pessoas se sentiam quando outra pessoa da mesa ganhava mais ou menos que eles. Depois, pediram que os participantes dividissem seu dinheiro com uma outra pessoa da forma que quisessem.

O que eles perceberam é que temos aversão à desigualdade. É mais difícil ser feliz quando as pessoas estão em uma situação diferente da nossa – seja melhor ou seja pior. Quando estamos por cima, o fator que atrapalha é a culpa. Já quando vemos o outro ganhar mais, surge a inveja.

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Cientistas descobrem a fórmula matemática da felicidade

Esses dois fatores foram adicionados na equação. Os w e o fator de esquecimento se repetem, mas o w4 representa a culpa (quando Rj, o participante, ganha mais que Oj, seu companheiro), enquanto w5 representa a inveja (Oj – Rj, com Rj ganhando menos).

Além da gestão de expectativas, então, nossa felicidade é impactada pela desigualdade vantajosa ou prejudicial a nós. A fórmula atualizada conseguia prever com muito mais precisão se uma pessoa sairia feliz ou triste de uma experiência de vida.

Com a equação atualizada, os pesquisadores seriam capazes de prever não só se vai valer a pena para você deixar de comer aquele brigadeiro como se é uma boa dividir a sobremesa com os amigos. A nova equação se tornou uma indicadora fiel de generosidade.

Quando os participantes, em diferentes experimentos, tinham um fator de culpa mais pronunciado que o fator de inveja, eles tendiam a dividir mais os seus ganhos com os coleguinhas – dando até 30% do que era seu. Assim, os pesquisadores concluíram que as pessoas generosas são aquelas que ficam mais infelizes quando vêem que os outros têm menos que elas e precisam agir para consertar esse desequilíbrio.

Só que, de acordo com essa lógica, uma pessoa generosa e uma invejosa seriam o par perfeito, uma proporcionando equilíbrio para a outra. Aí a teoria esbarra com a complexidade quase infinita das emoções humanas – falta muito ainda para que todos os nossos dramas caibam em um único quadro negro.

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