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Os 5 anti-heróis mais interessantes da ficção

Por turma-do-fundao
Atualizado em 4 set 2024, 11h18 - Publicado em 29 set 2016, 19h17

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Os quadrinhos, com seus super-heróis de façanhas absurdas e as novelas, com suas vilãs ambiciosas, nos mostram um mundo polarizado, maniqueísta, palco da eterna disputa entre bem e o mal.

Na vida real, contudo, a linha que separa o bem do mal é muito tênue – não há luz sem sombra. Se os heróis são aquelas criaturas bondosas e altruístas e os vilões são compostos da mais pura maldade premeditada, então os anti-heróis formam uma classe à parte, que se localiza ali, entre o branco e o preto, equilibrando os extremos.

Numa mistura de justiça e vaidade, os anti-heróis são criaturas complexas, que balançam entre fazer o que é “certo” e atender aos próprios interesses. Confira abaixo os 5 anti-heróis mais interessantes da ficção.

1 – Dr. House

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Gregory House, persona assumida pelo ator britânico Hugh Laurie, é um médico tão inteligente quanto arrogante. De personalidade ácida, ele implica – muitas vezes, propositalmente – com colegas e pacientes, sempre cético e sarcástico.

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O estilo de House é bem conhecido: direto e sem meias palavras, ele não poupa os familiares de seus pensamentos politicamente incorretos. Também não se importa em confortá-los. Seu objetivo é sempre buscar o diagnóstico correto, ainda que isso custe o ódio de todos à sua volta. É uma personalidade bem complicada – tanto é que muitas pessoas da área médica questionam a ética do personagem.

Mesmo House sendo irritante e ofensivo, toda a sua agressividade, no fundo, esconde um menino frágil e inseguro.

2 – Hit Girl

hitgirl

Interpretada por Chloë Moretz na adaptação de Kick-Ass para os cinemas, a personagem apresenta um intercâmbio entre a inocência e a violência. Usando armas letais e uma peruca roxa à la Polly Pocket, Hit Girl explode, mata e destrói se escondendo por trás de uma faceta pueril, borrando as linhas que separam a acidez da candura.

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Os quadrinhos de Mark Millar, geralmente feitos já pensando em Hollywood, costumam ter arcos simples e eficientes para seus personagens. No caso de Hit Girl, que é coadjuvante, a história é bem clara: ela é uma menina de 11 anos cujo único lazer sempre foi a violência e que cresceu achando isso normal.

Mas é claro que isso muda: na primeira graphic novel, ela precisa lidar com o fato de ter perdido o pai. Na segunda, ela precisa balancear seu lado Hit Girl com o desejo de manter feliz seu pai adotivo. Nesses momentos, o leitor consegue enxergar além da lutadora sanguinária e enxergar a menina que precisa lidar com questões difíceis na vida.

3 – Macunaíma

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O protagonista deste clássico da literatura nacional se caracteriza como um anti-herói típico. Seu criador, Mário de Andrade, tentou fazer um resgate das origens do povo brasileiro, brincando com estereótipos: Macunaíma, preguiçoso e malandro, representa, de maneira cômica, o homem do Brasil, em uma crítica às idealizações do Romantismo indianista. O seu dizer mais famoso é “Ai, que preguiça!”.

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Apesar de carregar o fardo terrível de ser “livro de vestibular”, Macunaíma merece uma segunda chance. O livro é divertido e o herói, irônico. Vale imaginar o que Macunaíma, que tanto criticava os trejeitos do português de Portugal, iria achar da gente comprando smartphone e falando top.

4 – Tyler Durden

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Interpretado por Brad Pitt em Clube da Luta, adaptado do livro de Chuck Palahniuk, esta persona icônica se tornou um dos maiores símbolos da cultura pop atual. Com discurso anárquico e anti-materialista, Durden é violento, sujo, nebuloso e cativante. Ele surge como um fundador do Clube da Luta (e suas filiais), mas sua retórica é tão sedutora que outros homens começam a segui-lo. Logo, ele está no comando do Projeto Destruição, que pretende explodir um monte de prédios.

Todo mundo conhece o plot twist de Clube da Luta, mas a questão é que, mesmo se ele não existisse, Tyler ainda seria um personagem fascinante. Ele é autoconfiante, livre, seguro, inteligente, sempre pronto para tudo. Ele nunca propõe amor e conciliação, e sim luta e destruição, e vira um ícone do combate ao sistema. E nós o amamos porque ele é capaz de convencer qualquer um de que suas ideias distorcidas estão certas e, além disso, ser amado por causa delas.

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5 – Seu Madruga

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O pai de Chiquinha vive se esquivando: do aluguel atrasado, cobrado pelo Seu Barriga, e das bofetadas, lançadas por Dona Florinda. Malandro, Seu Madruga vive repreendendo o Chaves, levando, muitas vezes, o episódio ao seu clímax. Apesar de sempre mal humorado e implicante, é um homem de coração afável.

Existe um motivo óbvio por que Chaves é um clássico na América Latina, mas não em outros lugares do mundo: o complexo de vira-lata do Seu Madruga, com sua pobreza e sua malandragem sendo compensados pelo seu coração enorme, são a cara dos nossos povos. O brasileiro, especificamente, é um povo de prazeres imediatos, que financia tudo em 200 prestações para poder aproveitar o presente e jogar a preocupação para o futuro. Mas que não se importa em fazer algo incômodo só para agradar a família e os amigos.

Seu Madruga, também um grande filósofo, é a epítome desse estilo, sempre criando trambiques para se dar bem e, curiosamente, se dando mal quando tenta arrumar um emprego de fato. O que ele recebe em troca de ser assim? O amor incondicional da filha e a paciência eterna de seu credor.

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