O Menino da Lista de Schindler (Ed. Rocco, 256 págs., R$ 24,50) é um relato autobiográfico do autor Leon Leyson. Polonês, ele tinha apenas 10 anos quando seu país foi invadido pelo exército alemão. Ele e sua família foram presos no gueto (uma área cercada da cidade) de Cracóvia. Leon só escapou da morte porque foi contratado para trabalhar na fábrica de Oskar Schindler – o empresário alemão que, por meio de muitos esquemas obscuros, salvou centenas de judeus da morte.
Trata-se de uma obra para quem gosta de ler a “realidade”, sem rodeios. O autor vai direto ao ponto, contextualizando o momento da tortura, o clima, os barulhos que havia ao fundo e os cheiros que impregnaram sua infância. Sentir dor, pena e horror é inevitável nessa leitura. O coração aperta a cada passo que Leib (seu verdadeiro nome) diz ouvir, a cada respiração que o pequeno teve que segurar para garantir que sobreviveria ao próximo dia.
Eu sou apaixonada por livros que retratam certos acontecimentos/épocas, e amo mais ainda os que são feitos por pessoas que as vivenciaram. Não acho que seja certo comparar os horrores que Anne Frank e Leon Leyson passaram, mas, por já ter lido tanto O Diário de Anne Frank como O Menino…, me senti muito mais imersa no mundo caótico do Holocausto com o segundo. Em parte, é porque “o pequeno Leon” esboça o cenário.
Até ter lido os relatos de Leon, eu nunca havia dimensionado corretamente a crueldade nazista. Já havia lido alguns livros e visto alguns filmes e documentários sobre a 2ª Guerra e nenhum chegara a ser tão emocionante como este, nem de longe. O autor nos faz ver a guerra dos olhos de uma criança que não entendia por que era diferente das outras crianças que podiam, a poucos quarteirões, correrem livres.
A obra é intensa, chocante e agoniante. Saber de uma criança que viu seu mundo ser destruído e entender, com tão pouca idade, o significado de fome, pavor, frio e dor é triste. Leon viu seu pai ser espancado por oficiais e seu irmão favorito ser levado ao campo de concentração do qual ninguém saiu vivo. Sofreu também com chicotadas em seu corpo nu em meio ao inverno europeu, ficou dias sem comer qualquer pedaço de pão decente e viu, pouco a pouco, suas energias e seus amigos irem embora.
Leib deixa explícito quem salvou sua vida durante aqueles anos: Schindler. Driblando os oficiais alemães, o empresário arriscou a própria vida e fez sempre o que estava ao seu alcance. Não se poupam esforços também para expressar a gratidão que ele sente a Schindler, pela maneira com que ele tratou toda sua família e pelo modo como garantiu que a maioria de seus parentes permanecesse viva.
Este livro é uma leitura rápida, viciante e muito expressiva. Uma ótima escolha para quem ama história e quer entender melhor como eram os guetos, os campos de concentração e o cenário pós-guerra para os judeus.