Você pode nunca ter ouvido falar delas (o que acho difícil) nem procurado por elas (o que também acho difícil), mas é certeza que elas já te encontraram. Isso porque o barato das mensagens subliminares é chegarem até você e mexerem com sua cabeça sem que você saiba.
Em termos de história, o assunto é recente. Estima-se que, desde os anos 50, a publicidade, o cinema e a indústria musical incorporaram o recurso – que, inclusive, já surgiu causando reboliço. Em 1957, o especialista em marketing James Vicary desenvolveu, nos EUA, a técnica de “projeção subliminar”, que consistiu em colocar imagens contendo frases como “beba Coca-Cola” e “coma pipoca” em frações de segundo de uma seção no cinema. Feita a experiência, Vicary constatou que as vendas de pipoca e Coca no cinema subiram 57,7% e 18,1%, respectivamente.
O verdadeiro debate científico é: essas tais mensagens surtem algum efeito no(s) receptor(es)? É difícil dizer. Confira na lista abaixo alguns dos exemplos mais inusitados em que a zoeira (e a arte) esconderam mensagens de você:
1) Cloverfield (2008)
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Quando Rob Hawkins (Michael Stahl-David) curte uma festa de despedida em Nova York com os amigos, um tremor os pega de surpresa. Seria um terremoto? Um acidente aéreo? Pfff, longe disso. Um ataque. E pior: de um monstro. Nem preciso dizer que, com o decorrer do filme, a cidade vem abaixo. Mas não é só isso.
O longa dirigido por Matt Reeves e produzido por J.J. Abrams traz um formato peculiar. Cheias de solavancos e confusão, as filmagens em primeira pessoa passam um ar de amadorismo – mas, de amadoras mesmo, não têm nada.
Mensagem subliminar: Se você já assistiu, pode admitir que deixou passar os flashes colocados pelo diretor de outros filmes clássicos de monstros. Eles incluíam King-Kong (1933), O Monstro do Mar (1953) e O Mundo em Perigo (1954). A razão, porém, é um mistério: poderia ser para deixar o filme ainda mais perturbador ou homenagear obras que o inspiraram.
2) Irreversível (2002)
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A direção de Gaspar Noé se mostra pra lá de peculiar (em vários níveis) neste longa francês. Indo de trás pra frente, descobrimos a história e a razão da busca por vingança dos amigos Marcus (Vincent Cassel) e Pierre (Albert Dupontel). No submundo de Paris, os dois vão atrás do homem que teria estuprado e espancado Alex (Monica Belucci), namorada de Marcus (e ex de Pierre!). A marcha ré continua, passando pelo próprio estupro e mais alguns acontecimentos que o precederam. Bom para dar um nó na cabeça.
Mensagem subliminar: Em uma sacada genial, Gaspar escolheu incluir na primeira meia hora da trilha do filme um barulho em baixa frequência imperceptível ao ouvido humano. Por quê? Acredita-se que o som faz com que o espectador se sinta nauseado ou, no mínimo, com nojinho (além de desconfortável). O que combina perfeitamente com o desenrolar da história.
3) O Exorcista (1973)
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O longa, dirigido por William Friedkin, é um clássico para qualquer amante de filmes de terror. A atriz Chris Macneil (Ellen Burstyn) começa a notar que sua filhinha de 12 anos, Regan (Linda Blair), anda apresentando comportamentos… estranhos. Quando a situação começa a perder as estribeiras, a menina é trancada em um quarto enquanto sua mãe procura por ajuda especializada.
A princípio, Chris chama o padre – e psiquiatra – Karras (Jason Miller). Ao constatar que a garotinha está possuída, Karras chama o único capaz de resolver o caso: o sacerdote Merrin (Max von Sydow).
Mensagem subliminar: Friedkin usa e abusa de imagens subliminares no desenrolar de cenas do filme, da maneira mais bizarra possível. Em alguns frames, é possível vislumbrar a face pálida do demônio Pazuzu (Eileen Dietz), que possui o corpo de Regan. O momento mais claro está no vídeo acima, aos 0:22. Por ser muito rápido, mesmo aqueles que percebem ficam na dúvida se realmente rolou ou não, o que deixa a experiência de assistir ainda mais medonha (e viciante). Dá para ver todas as aparições aqui.
4) Eminem – Stimulate (2003)
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Muitos conhecem 8 Mile: Rua das Ilusões, filme dirigido por Curtis Hanson que conta a trajetória problemática do rapper mundialmente famoso Eminem. O caos na vida do cantor envolveu incontáveis brigas com a mãe (que era alcoólatra), o abandono da namorada (grávida, inclusive) e a perseguição por seus inimigos. Enfim, mil tretas. O que não é mundialmente famoso, porém, é a mensagem presente na música “Stimulate”, presente na edição limitada da trilha sonora do longa.
Mensagem subliminar: Se pegar o último trecho da música e tocá-lo ao contrário, você ouvirá: “I’m not here to save you. I’m only here for the ride, so let me entertain you and everything will be fine”. De arrepiar, yo.
5) Roger Waters – “Perfect Sense, Part 1”
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É claro que o ex-baixista e vocalista da banda britânica Pink Floyd apareceria por aqui – e de forma merecida. Em 1992, o compositor surpreendeu a todos com mais um álbum solo: Amused to Death. A surpresa não foi o lançamento em si, mas a proposta do projeto, que trazia um tom mais pessoal. A obra junta as obsessões de Roger (mídia, guerra etc) envolvidas em um ar conspiratório. O que poucos sabem é a rixa existente por trás da terceira faixa do álbum, “Perfect Sense, Part I” .
Mensagem subliminar: Tocando a faixa ao contrário, é possível ouvir “Julia, however, in the light and visions of the issues of Stanley, we changed our minds. We have decided to include a backward message. Stanley, for you, and for all the other book burners…”. O que isso tem demais? Bom, esse tal de Stanley é ninguém menos que o lendário cineasta Stanley Kubrick (O Iluminado, Laranja Mecânica etc). Reza a lenda que Waters pediu a Kubrick permissão para usar alguns samples do longa 2001: Uma Odisséia no Espaço em seu álbum. Kubrick negou. Roger, ligeiramente chateado, deixou essa carinhosa mensagem para o cineasta em uma das músicas.
6) Capcom vs. SNK: Millennium Fight 2000 Pro
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Lançado a princípio para arcades e depois para PlayStation e Dreamcast (pois é), o jogo de luta desenvolvido pela Capcom colocava personagens consagrados para lutar. Não demorou muito para a treta generalizada “pegar” entre jogadores e críticos. Mas o detalhe mais inusitado ainda está por vir.
Mensagem subliminar: No menu inicial do jogo, vá em “option mode” (ou dê play no vídeo acima). Aumente o volume da televisão, caixas de som ou fone de ouvido. Wait for it. Não, você não ouviu errado. É realmente um “Kaiser, uma grande cerveja. A cerveja dos momentos felizes”. Como e por que isso acontece? Nunca saberemos. O que podemos (e vamos) fazer é rir para sempre.
7) Diablo (1996)
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Para fechar a lista, nada melhor do que o primeiro volume do hoje consagrado jogo da Blizzard, lançado no final da década de 90. A história se desenrola da seguinte forma: você – o herói – precisa ir até o inferno (no sentido literal da coisa) para checar o que diabos está perturbando a catedral de Tristam, cidade do reino de Khanduras. E adivinha? A resposta já estava na pergunta. No final, você precisa enfrentar o próprio Diabo para tentar restabelecer a paz.
Mensagem subliminar: No melhor estilo de “Announcement Service Public”, música (bem) underground da banda norte-americana Linkin Park, a zoeira te pega e você nem percebe. Ao ser enfrentado, o Senhor das Trevas começa a dizer coisas sem sentido e de maneira bizarra. Como? De trás para frente, claro. Ao inverter o trecho, é possível finalmente entender as palavras maléficas do Capiroto: “Eat your vegetables and brush after every meal”. Muito badass esse Lúcifer.