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As melhores e as piores séries – para você não perder tempo entre o primeiro episódio e o final da temporada. Por Lucas Pasqual
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O que as séries da Marvel têm para aprender com Legion

Por Lucas Pasqual Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 16 mar 2017, 18h24 - Publicado em 16 mar 2017, 18h24

Você lembra dessa abertura?

Só de ouvir a música-tema eu já abro um sorriso. A série clássica dos X-Men foi produzida nos anos 1990, teve 75 episódios distribuídos em cinco temporadas – e marcou a infância de muita gente por aí.

Foi o primeiro contato que eu tive com super-heróis. Virei fã dos mutantes, comecei a comprar as HQs e ler tudo que podia sobre o grupo. Quando o filme dos X-Men chegou, em 2000, eu já tinha sido fisgado. Essa paixão abraçou outros heróis, também, e eu comecei a consumir muitos produtos relacionados.

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Então, quando a Marvel anunciou que produziria quatro séries em parceria com a Netflix, o Lucas de 15 anos voltou para uma visitinha. Fiquei ansioso.

Tempestade
Só um gif da Tempestade fechando o tempo porque sou fã ()

Demolidor, a primeira da leva, se beneficiou pela novidade e todo o buzz, mas manteve uma história coesa e um protagonista até que cativante (ainda que o intérprete, Charlie Cox, deixe um pouco a desejar). Aí veio Jessica Jones, muito bem resolvida, com um tom noir marcante e uma trama psicológica de fazer inveja a vários thrillers por aí – tanto que a série figurou na lista de melhores do ano que a gente produziu em 2015 aqui na SUPER. Luke Cage, a terceira, apostou no blaxploitation e conseguiu resultados bacanas também. A expectativa para Punho de Ferro, que chega ao serviço de streaming nesta sexta, era grande – e a série decepcionou. É, de longe, a pior das quatro.

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Vamos elencar:

1) Sobre o enredo. É mais uma trama de origem, com um cara rico que viaja para outro canto do mundo, perde algo muito valioso e dá a volta por cima usando uma força mística. Já vimos isso em Homem de Ferro. E Doutor Estranho. E Batman. E Arqueiro Verde.

2) Sobre os personagens. São bem unidimensionais, sem força, sem expressividade  com exceção da Colleen Wing, que tem uma história interessante, os demais não geram empatia nenhuma. O protagonista não deixa de parecer um guri mimado e deslumbrado com uma nova filosofia de vida que acabou de descobrir.

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3) Sobre o estilo. Diferentemente das outras três séries que a antecederam, Punho de Ferro não tem nada marcante. A fotografia é básica, as cenas de luta são porcamente coreografadas, os diálogos às vezes machucam os ouvidos.

Tudo isso é bem frustrante, porque Punho de Ferro tinha um potencial incrível. Os produtores poderiam ter tomado mais liberdades em relação ao material original das HQs. Outra estreia recente, aliás, também é baseada em uma história em quadrinhos, mas a qualidade é diametralmente oposta à de Punho de Ferro.

Legion
Como bagunçar uma cozinha sem usar as mãos ()
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Legion estreou em fevereiro nos EUA. A série apresenta Legião, personagem das HQs dos X-Men. Ele é o alter-ego de David Haller, mutante filho de Charles Xavier com transtorno dissociativo de identidade – várias mentes e personalidades habitam o corpo do cara, e cada uma delas tem um superpoder diferente.

Sabe tudo que eu mencionei ali em cima sobre Punho de Ferro? Então, pega todas as ideias e aplica aqui, só que ao contrário.

O enredo de Legion é original – nós conhecemos um mutante poderoso, que inicialmente pensa que suas habilidades são, na verdade, sintomas de esquizofrenia. A história de origem de David não segue à risca os quadrinhos: rolam umas mudanças sutis (e outras bem grandes) que não deixam de surpreender.

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Os personagens têm um propósito, uma história clara. O elenco é muito bom, aliás: o protagonista é vivido por Dan Stevens, que interpretava um dos ingleses de Downton Abbey e dá vida à Fera no novo A Bela e a Fera. Tem também a Aubrey Plaza, fazendo uma versão dark e mais biruta da April de Parks and Recreation.

Mas o destaque é mesmo para o estilo. A direção, a edição e a fotografia de Legion são fenomenais, com uso de cores e escolhas inusitadas de ângulos. Em determinados momentos, a série é um suspense. Duas cenas depois e já temos elementos de horror. Mais tarde, mas ainda no mesmo episódio, há uma demonstração dos poderes de David, e aí a gente lembra que é uma série de “super-heróis”. E no melhor estilo Dom Casmurro, assistimos tudo inicialmente do ponto de vista do personagem principal – e sua memória comprometida compõe o que é, sem dúvidas, um narrador não confiável.

Legion
Os próximos âncoras do Jornal Nacional (eu assistiria, sim) ()

Tudo funciona porque tem um quê de novidade, de algo que nunca vimos antes. Bryan Singer, diretor de alguns dos filmes dos X-Men, é um dos produtores, mas o tom alcançado pela série é diferente do que já conhecemos do cinema. Parece o mesmo mundo, mas em outro tempo, com outra proposta.

Legion foi renovada para uma segunda temporada, que deve ser exibida no começo de 2018. A primeira tem oito episódios. Essa leva reduzida já é boa: a narrativa permanece dinâmica, sem aquele ar de nada-acontece que rola nas séries da Netflix.

No serviço de streaming, a próxima novidade é a série dos Defensores, grupo formado pelos quatro heróis da Marvel. Ainda não há data de estreia, mas a exibição deve rolar no segundo semestre deste ano. Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro devem se unir contra um inimigo comum – no caso, o Tentátulo, organização criminosa que dá as caras desde o início desse universo. Com todos devidamente apresentados, talvez seja mais fácil avançar a história sem cometer os mesmos deslizes.

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