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Intrigas, dinheiro e canabidiol

Por Tarso Araujo
Atualizado em 21 dez 2016, 08h49 - Publicado em 29 Maio 2014, 16h11

Na última semana começou a correr um boato de que o extrato de CBD do fabricante mais popular entre as mães engajadas na luta pelo direito de usar a substância legalmente contém metais pesados. A notícia foi direcionada a elas. Correu primeiro nas suas caixas postais e, depois, nas redes sociais. O e-mail diz que o extrato contém brometo, fluoreto, cloreto e metais pesados. E que nem possui canabidiol.

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O e-mail era suspeito. Para começar, falta o básico: uma prova qualquer. O autor fundamenta a acusação na análise de um laboratório, mas não apresenta um laudo. O mais estranho, no entanto, é a alegação de que o produto “não tem nem canabidiol”. Como se explica, então, os resultados incríveis que ele produz nas crianças com epilepsia que o estão usando? Placebo? Difícil. Afinal, as crianças nem sabem o que estão tomando, não poderiam se beneficiar de um efeito meramente psicológico.

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Pode ser que o produto tenha mesmo tais contaminações. Ele é feito nos EUA com óleo de cânhamo importado na China. Não sabemos como o óleo é extraído pelos chineses e nem que processos os americanos usam para concentrar o CBD nesse óleo bruto que recebem. As duas etapas provavelmente incluem outros ingredientes e, no meio do caminho, o óleo natural poderia ser contaminado. Existem outros relatos de que usuários do produto têm problemas intestinais impossíveis de serem causados por um extrato puto de cannabis. Logo, é fundamental fazer logo os testes necessários para descobrir se é verdade ou boato que o tal óleo tem os contaminantes perigosos. Se tem ou não canabidiol, está claro que tem.

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Mas a pressa em acusar o laboratório e o exagero da mensagem abrem os olhos para outro aspecto importante: essas mães estão agora no centro de uma batalha comercial. Com a reclassificação do CBD, o Brasil torna-se um mercado extremamente valioso para esse produto. Temos cerca de 700 mil pessoas com epilepsia que não respondem a qualquer medicação disponível no mercado. Se daqui a 5 anos 10% dessas pessoas estiverem usando essa medicação e gastarem R$ 300 por mês, esse mercado valerá cerca de R$ 250 milhões anuais. E essa é uma estimativa por baixo.

Existem muitas empresas interessadas em ter uma fatia desse mercado, entre dispensários, fabricantes de óleo e representantes da indústria. Qualquer um deles poderia ter espalhado esse boato com o simples objetivo de prejudicar a imagem do fabricante de óleo que apareceu no Ilegal e no Fantástico. E acabou de aparecer de novo em destaque no Bom Dia Brasil.

Logo, não sejamos ingênuos de acreditar que o tal produto é totalmente seguro sem uma prova disso. Nem sejamos ingênuos de acreditar num boato de internet sem as necessárias provas. Afinal, temos vidas e também muito dinheiro envolvidos nessa história.

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