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Bibliotroca: o livro usado que vira novo

Por Suzana Camargo
Atualizado em 21 dez 2016, 10h24 - Publicado em 5 fev 2015, 12h39

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Isabel Milani tem dois filhos na escola Gracinha, em São Paulo. Neste começo de ano, em vez de comprar os livros didáticos, ela trocou. Com isso, fez uma economia de cerca de 1.800 reais. É que Isabel levou os livros usados dos filhos ao projeto Livro Livre, organizado por mães voluntárias. “Consegui trocar praticamente a lista toda. A maioria estava em ótimo estado!”, conta. E não foi só a economia que a deixou feliz. “Há o ensinamento aos filhos e o ganho da reciclagem”.

A iniciativa que vem tomando cada vez mais espaço nas escolas de São Paulo e outras cidades brasileiras é conhecida como bibliotroca. Na realidade, o princípio é o mesmo da biblioteca. “Uma criança lê aquele livro, depois outra e depois outra”, define Mary Azevedo, uma das mães voluntárias que cuida da troca de livros no Colégio Pio XII, também na capital paulista.

Já faz sete anos que Mary abraçou a causa. “Sempre tive o hábito de reaproveitar – guardar roupas do filho mais velho para o mais novo. Por que não com o livro?”, questiona. “Para mim, isso sempre pareceu muito óbvio”.

A troca de livros didáticos e paradidáticos no Pio XII é bastante concorrida. Mary trabalha ao lado de uma equipe de outras seis voluntárias, que doam algumas horas no começo ou final da manhã durante o período da bibliotroca. Assim que a escola libera a lista do material escolar para o ano seguinte, ainda em dezembro, mães e pais fazem fila para levar os usados e conseguir novos para o ano seguinte. “Agora em 2015, consegui economizar 1.000 reais”, diz Angela Andrade, mãe de aluna do colégio.

Mais do que poupar dinheiro, as bibliotrocas têm importante papel social e ambiental. Iniciado em 2009, o projeto Reviva Livro, da Escola Viva, também em São Paulo, é uma iniciativa conjunta entre pais e administração. “Foram necessárias muitas conversas para que o foco do projeto não fosse apenas a economia no bolso e, sim, a redução do consumo, reutilização e atitude colaborativa”, revela Marta Campos, coordenadora de núcleos.

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Um dos pontos mais importantes para lançar o programa de reutilização dos livros foi justamente escolher um nome para ele. Através de uma votação por email dos pais, com diversas sugestões recebidas, chegou-se ao Reviva Livro.

bibliotroca-livro-usado-que-vira-novo-escola-viva-625Troca de livros didáticos na Escola Viva

Na hora da matrícula, a Escola Viva já informa às famílias a possibilidade da troca. A feira de autosserviço é montada no ginásio. Os livros coletados e não reaproveitados são encaminhados a instituições de cunho social. “Todo esforço é em torno da redução do consumo e da reutilização”, ressalta Marta.

A Troca Solidária do Vera Cruz, ainda em São Paulo, chama a atenção das famílias para a contribuição para a redução da pegada hídrica, diminuição da geração de lixo e e educação para o consumo consciente (veja números dos recursos poupados em 2014 no final deste texto).

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Outras escolas adotam iniciativas similares. Algumas utilizam cupons de trocas. O Colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro, promove o Sebo Solidário. Os alunos doam seus livros já lidos para a escola, que os vende pelo valor simbólico de 2 reais. O dinheiro arrecadado é destinado a obras sociais. No ano passado, o sebo ofereceu mais de 2,5 mil exemplares. A procura maior é sempre pelos livros didáticos.

Uma modalidade mais recente da brilhante iniciativa é a “uniformetroca”. No Pio XII, ela começou em 2012. Peças em bom estado são recebidas e podem ser trocadas por outras. Ou então, guarda-se o crédito para outra oportunidade. Uma ideia sensacional, já que não há fase na vida que se perca mais roupa do que na infância.

O sucesso de todos estes projetos depende muito da união entre escola e famílias. O apoio do colégio é fundamental – ao ceder espaço para as feiras e divulgar os eventos. A adoção do mesmo livro didático por vários anos também é importantíssima, já que depende disso para que o mesmo possa ser reutilizado no ano seguinte.

Nem é preciso mencionar o valiosíssimo trabalho voluntário de mães e pais. São geralmente eles que fazem a triagem das doações e acompanham o trabalho da bibliotroca.

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Além de contribuir para diminuir a geração de resíduos (por mais chocante que seja, em muitas casas livros didáticos ainda vão parar no lixo no final do ano), as feiras de trocas ajudam a reduzir todos os recursos empregados na fabricação de livros.

Para quem tem oportunidade de participara sensação mais legal é ver a adesão e empolgação de crianças e adolescentes. Eles não se importam se o livro está com orelhas ou tem alguma marca de caneta. O importante é ecomomizar e poder viver num planeta mais bacana.

Na escola do seu filho ainda não tem bibliotroca? Arregace as mangas, chame outros pais e organize uma já.

Veja abaixo a economia feita pela bibliotroca do Colégio Vera Cruz no ano passado:

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Como organizar uma feira de trocas solidárias?
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Fotos: H is for home/Creative Commons e divulgação Escola Viva

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