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Uma nota de R$ 50 pode voltar a ter o poder de compra que já teve?

Em 1994, R$ 50 valiam o equivalente a R$ 370 de hoje. Mas não torça para que esses dias voltem: seria uma catástrofe. 

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
21 out 2022, 10h47

Poder, pode. Mas seria trágico. Dinheiro recupera poder de compra quando os preços baixam. Ou seja, quando rola deflação. Deflação é uma boa quando vem na sequência de inflações pesadas. Foi o que aconteceu entre julho e setembro no Brasil: uma queda acumulada de 1,33% no IPCA. Antes desse tombo, a inflação em 12 meses roçava em intragáveis 12%. Depois, caiu a 7% (o número final é menor do que parece porque o IPCA já vinha desacelerando antes de entrar no terreno negativo).  

O problema é quando os preços entram numa espiral descendente sem fim. Foi o que aconteceu nos EUA da Grande Depressão. A quebra da bolsa em 1929 levou a uma sequência de falências bancárias. Com menos bancos, o crédito ficou escasso. Empresas, que dependem de crédito para respirar, começaram a fechar as portas. Menos companhias, menos trabalho. Em 1933, o desemprego chegaria a 25% por lá. 

Isso arrasou o mercado consumidor. Com menos gente comprando, os preços desabaram. Entre 1930 e 1933, a deflação acumulada foi de 24%. E o PIB caiu na mesma toada: -25%: a maior recessão da história americana.

Preços em baixa persistente, então, significam a morte da economia. A moeda até passa a valer mais, só que cada vez menos gente tem acesso a ela. O ideal para qualquer país, no fim das contas, é que haja alguma inflação: tipo 2% ao ano. Porque, se nenhum preço jamais sobe, significa que o mercado consumidor está evaporando.

Em 1994, R$ 50 valiam R$ 370 de hoje. Para que essa realidade volte, precisaríamos de uma deflação de 86%. E isso implicaria uma Grande Depressão brasileira. Esquece.

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