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Se a febre ajuda o sistema imunológico, por que tomamos antitérmicos?

Alguns médicos defendem que devemos deixar o corpo agir – enquanto outros preferem minimizar o desconforto da febre.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 6 set 2024, 15h40 - Publicado em 16 jun 2023, 09h49

 

O raciocínio faz sentido. A febre não existe à toa: dá um gás na mobilidade das células de defesa, atrapalha o trabalho dos micróbios e bagunça o funcionamento das células invadidas por eles. Por essa razão, mamíferos e alguns animais de outras classes também têm febre.

E há estudos mostrando que os pacientes se recuperam pior quando tomam antitérmicos (a não ser, é claro, nas situações em que a febre é tão alta que se torna danosa e é necessário suprimi-la).

O problema: também há muitas evidências científicas mostrando que tomar antitérmicos não faz muita diferença no combate a invasores.

Por isso, há uma divergência na comunidade médica em relação ao uso desses medicamentos: enquanto alguns defendem que devemos deixar a febre fazer sua função, outros preferem minimizar o desconforto que ela causa ao paciente.

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Um estudo de 2015 conduzido na Austrália e Nova Zelândia avaliou o uso de acetaminofeno (paracetamol) em 700 pacientes com febre em estado grave na UTI. Parte dos pacientes tomou o remédio, enquanto outros usaram um placebo. O uso da medicação não fez diferença no número de dias em que os pacientes ficaram internados, e nem nas chances de morte passados 90 dias da administração da substância.

Por outro lado, um outro estudo associou a febre com melhores resultados em pacientes internados na Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido. Os indivíduos infectados que apresentaram temperaturas mais altas durante o pico de febre tiveram uma mortalidade menor, no cômputo final. E um artigo de 2014, por sua vez, conclui que teríamos uma piora nos quadros de gripe, no geral, caso todas as pessoas tomassem antitérmicos.

Muitos pais optam por dar antitérmicos aos filhos por medo das convulsões febris, que costumam ocorrer em crianças de até seis anos. Apesar de assustador, o quadro costuma durar poucos minutos, e não afeta o desenvolvimento cognitivo da criança. Em todo caso, o importante é consultar um médico para avaliar o quadro e evitar de se automedicar quando tiver febre. Seu sistema imunológico agradece.

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