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Quiropraxia funciona?

A resposta curta é não. Entenda.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 13 jun 2024, 12h20 - Publicado em 23 Maio 2024, 10h00

Não. Uma revisão sistemática de 16 estudos científicos em que a quiropraxia foi testada para diversos problemas de saúde – dor nas costas, dor no pescoço, dor de cabeça, cólica, asma, alergia etc. – revelou que, em quinze deles, o resultado não foi melhor que placebos.

Em um único estudo, a prática mostrou alguma eficácia contra dor nas costas, mas os tratamentos comuns ainda tiveram um desempenho melhor. O motivo é que a quiropraxia parte de um preceito errado.

Ela foi criada em 1895 por um charlatão canadense chamado Daniel David Palmer – que foi apicultor, dono de mercearia e professor de ensino infantil, mas não era médico, e se opunha a vários avanços científicos na área da saúde, como as vacinas.

Palmer era autodidata em uma série de assuntos da religião e metafísica e, no final do século 19, abriu um consultório de cura magnética (uma outra forma de terapia comprovadamente ineficaz) na cidade americana de Davenport, no estado de Iowa.

Certo dia, o zelador do prédio em que ficava o consultório de Palmer lhe contou que, 17 anos antes, ele era operário na construção de um prédio e havia ficado parcialmente surdo após sofrer um mau-jeito nas costas.

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Reza a lenda que Palmer encontrou um calombo na coluna do homem, deu um tranco e voilà: ele voltou a ouvir magicamente. Não existe qualquer evidência de que isso tenha acontecido: trata-se de uma anedota, que tem várias versões em livros e na internet.

Seja lá o que realmente aconteceu, todas as fontes confiáveis concordam que Palmer criou a quiropraxia inspirado nessa ocasião, confiante de que seria possível curar qualquer problema em qualquer parte do corpo por meio de diferentes formas de manipulação da coluna vertebral.

Ele passou a crer na existência de desarranjos nas vértebras chamados subluxações, que impediriam o fluxo de algo chamado inteligência inata. Para ele, eliminar essas subluxações resolveria até 95% dos problemas de saúde.

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A palavra “subluxação” até existe na medicina, mas se refere a um problema ortopédico que tem pouco a ver com o que Palmer descreveu em 1895, quando fundou a quiropraxia.

“Inteligência inata”, por sua vez, é um devaneio puro: ele a definiu, grosso modo, como um poder de cura outorgado por Deus ou uma força vital que fluiria pelo sistema nervoso.

Hoje, vale dizer, a quiropraxia é aplicada basicamente no contexto ortopédico – poucos terapeutas a recomendam para fins tão amplos quanto os imaginados originalmente por Palmer. 

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Fontes: artigo “A systematic review of systematic reviews of spinal manipulation”, por E. Ernst e P. H. Canter; texto “Quiropraxia, uma ideia ruim made in USA”, na Revista Questão de Ciência, artigo “D. D. Palmer (1845-1913) e as origens da quiropraxia no século XIX”, de Selma Cosso Neves;

Pergunta de Gustavo Abreu, via email. 

 

 

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