Aqui não tem pós-verdade: apesar de Bruno Borges ter colocado o estado mais misterioso do Brasil no radar mundial, ele nada tem a ver com o surgimento do Acre.
E muito menos o Giordano Bruno, que embora tenha sido pioneiro em teorizar sobre um Universo infinito, jamais imaginou que tal infinitude alcançasse território tão remoto – e muito menos que uma estátua sua fosse parar lá mais de 400 anos depois de sua existência material.
O território acreano (ou acriano, segundo o Novo Acordo Ortográfico) foi demarcado e declarado como parte da Bolívia em 1750, com o Tratado de Madri, assinado entre portugueses e espanhóis. O Brasil, oficialmente, nem tinha interesse no território por causa do difícil acesso, no meio da Amazônia. Pelo mesmo motivo, os bolivianos não colonizaram a região.
Até que pintou o interesse dos gringos pela borracha produzida a partir das seringueiras da região. A Bolívia passou a lucrar alto, mas a maioria dos produtores e habitantes locais eram brasileiros. E aí rolou a treta e a “invenção” do Acre brasileiro, capitaneada pelo gaúcho Plácido de Castro, tchê.
Em 1902, o militar comandou um grupo de 33 seringueiros armados e improvisou uma revolução para tomar a terra dos bolivianos, invadindo Xapuri – terra-natal de outro célebre acreano, o ativista ambiental e sindicalista Chico Mendes.
Passados pouco mais de cinco meses, estava fundado o Estado Independente do Acre, em janeiro de 1903 – foi só entre o fim deste ano e o início de 1904 que ele virou território nacional, com o Brasil pagando o equivalente a mais de R$ 800 milhões, em valores atuais, ao governo boliviano pela posse.
Depois disso, só promoção no status do “Extremo do Brasil”, oficializado como Estado da União em 1962 e reconhecido hoje em dia como terra-natal de Chico Mendes e de Bruno Alves – que se não fosse por Plácido, seriam célebres bolivianos.
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