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Por que balançamos a cabeça verticalmente para “sim” e de lado para “não”?

Acene a cabeça se você quer saber a resposta.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 ago 2024, 14h12 - Publicado em 27 ago 2024, 14h02

O primeiro passo é saber se esses gestos são universais. Caso eles existam em várias culturas e etnias diferentes ao redor do mundo – mesmo as mais isoladas –, temos uma pista importante de que há uma base biológica por trás dos acenos de cabeça.

Caso contrário, estamos falando de um gesto limitado ao Ocidente – e que não exige uma explicação tão profunda: bastaria todos concordarem com seu significado, em um processo gradual até ele se tornar onipresente 

(Do mesmo jeito que concordamos com o significado das palavras do nosso vocabulário: não há um motivo particular para uma bola se chamar “bola” além do fato de que isso está combinado entre os falantes de português.

Essa é uma propriedade conhecida como arbitrariedade do signo, identificada pelo linguista Ferdinand de Saussure no começo do século 20.)

Darwin em pessoa notou que um aceno vertical, de cima para baixo, é o movimento que um bebê faz para mamar, enquanto balançar a cabeça para os lados é típico das crianças que não querem comer. Ele menciona essa possibilidade em sua obra A expressão da emoção no homem e nos animais, publicada em 1872.

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Isso criaria uma predisposição para que, em diferentes lugares do mundo, os mesmos movimentos ganhassem os mesmos significados.

O problema é que essa hipótese é difícil de testar. Há países que usam outros sinais, como a Índia, ou em que os acenos têm significados invertidos – caso de Bulgária e Hungria –, mas isso não é suficiente para derrubar a hipótese de Darwin: um gesto transmitido culturalmente pode apagar ou alterar um gesto biológico.

A prova final seria avaliar se cegos de nascença realizam esses gestos mesmo que jamais os tenham observado,
mas nenhum estudo de qualidade investigou isso.

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Pergunta de @miqueias_cavalcante, via Instagram. 

Fonte: artigo “Why do we shake our heads?”, por Fabian Bross, linguista da Universidade de Stuttgart, no periódico Gesture.

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