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Bruno Garattoni

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Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.

Ozempic vai ser racionado na Europa

Alta procura faz Novo Nordisk limitar a comercialização da droga; agência médica europeia ainda nem liberou o uso do Ozempic contra a obesidade, mas ele já vem sendo usado com esse fim

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 set 2024, 15h34 - Publicado em 30 nov 2023, 14h17

Alta procura faz Novo Nordisk limitar a comercialização da droga; agência médica europeia ainda nem liberou o uso do Ozempic contra a obesidade, mas ele já vem sendo usado com esse fim

O laboratório dinamarquês Novo Nordisk, fabricante do Ozempic, anunciou que vai racionar as vendas do medicamento na Europa devido à alta procura. A medidia afeta o Ozempic na versão de 0,25 mg, que é a dose inicial – portanto, o racionamento limitará a quantidade de pessoas que poderão começar a tomar Ozempic no continente europeu. 

A empresa não informou quanto tempo vai durar o racionamento, nem quais serão as regras. Mas, segundo a European Medicines Agency (EMA, equivalente europeu da Anvisa e da FDA), deverá haver “faltas intermitentes” do remédio no continente durante 2024.

Segundo a agência Reuters, o Novo Nordisk irá reduzir o suprimento de outro remédio, o Victoza, para priorizar a fabricação de Ozempic. Tanto a semaglutida, princípio ativo do Ozempic, quanto a liraglutida (do Victoza) são variações sintéticas do hormônio GLP-1 – que o organismo produz após as refeições e age de várias formas, incluindo a regulação do apetite. 

A principal diferença dos GLP-1 sintéticos é que eles duram até 5 mil vezes mais tempo no organismo. A “meia-vida” do GLP-1 natural, ou seja o tempo que 50% dele leva para sumir do corpo, é de 120 segundos. Meia hora após a liberação, 99% do hormônio já foi decomposto – isso é feito por uma enzima, chamada dipeptidil peptidase-4.  

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Com os sintéticos, não é assim. Eles resistem à tal enzima, e por isso se degradam bem mais devagar – a meia-vida da semaglutida, por exemplo, é de uma semana. É essa ação prolongada, e contínua, que faz a pessoa emagrecer. 

A European Medicines Agency não liberou o Ozempic para uso contra a obesidade: ele só tem autorização oficial na Europa para tratar diabetes (para perda de peso, a EMA só liberou o Wegovy, também do Novo Nordisk, que contém uma dose de semaglutida mais alta).

Mesmo assim, as vendas do Ozempic dispararam na Europa (assim como no Brasil e nos EUA). Com isso, as ações do Novo Nordisk também subiram – e em setembro o laboratório se tornou a empresa mais valiosa da Europa, com valor de mercado de US$ 421 bilhões (superando a LVMH, dona de marcas como Dior e Louis Vuitton).

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