Você consegue “ouvir” esse gif?
Se sim, saiba que não está sozinho: 1 em cada 5 pessoas compartilham dessa modalidade de sinestesia
Qual sua impressão sobre o GIF acima? Flagrar torres de transmissão de energia em um momento de descontração desse tipo não é algo muito usual, é verdade. Mas a cena chama a atenção por outro motivo: parece que dá para ouvir o barulho causado pela brincadeira.
Você consegue “escutar” o chão tremer a cada vez que a torre menorzinha encosta no chão? É bem provável que sim. Uma pesquisa feita por Lisa DeBruine, do Instituto de Psicologia da Universidade de Glasgow, na Escócia, contou com mais de 315 mil usuários do Twitter e acusou que quase 67% das pessoas dizem ter essa percepção. Como GIFs não têm som, a pergunta que fica em seguida é: o que explicaria o fato de tanta gente sentir a mesma coisa?
A resposta, claro, está no complexo funcionamento do nosso cérebro. Esse “boom” (ou “tóin”, quem sabe) que ouvimos ao assistir à sequência de imagens, acontece por uma condição cognitiva muito particular, que você já deve ter ouvido falar por aí — ou, quem sabe, já tenha até experimentado. É graças à sinestesia que certas pessoas conseguem ver cores ao ouvir notas musicais, sentir gostos para sensações diferentes, ou ainda, escutar barulhos produzidos por GIFs animados.
Como explica James Simmons, neurologista da Universidade Brown, em entrevista ao LiveScience, os GIFs ativam uma resposta cerebral que mistura sensações, estimulando nossa central de comando a mesclar dois sentidos: a visão e a percepção do som. Isso acontece pelo fato de muitos estímulos sonoros do dia a dia estarem associados com o que vemos.
Pode reparar: a imagem de alguém batendo palmas virá quase sempre acompanhada do som “clap”, ou o avançar dos ponteiros de um relógio do inseparável “tic-tac”, por exemplo. Esse tipo de experiência ajuda a aguçar esse nosso sexto sentido, e treinar o cérebro para que ele reaja dessa forma sempre que vir alguma coisa.
O tremor de terra retratado no GIF, por exemplo, desencadeia em nós uma resposta física e sonora. Primeiro, a sensação do chão tremendo (sentida pelo tato) e depois, o barulhão (que fica à cargo da audição). Ou seja, depois de vermos a torre pulando corda, o normal seria que ouvíssemos o barulho de sua aterrissagem. Cabe ao cérebro, então, dar essa mãozinha. Por já termos ouvido outros tremores, acabamos antecipando as coisas e sentindo exatamente o que esperamos sentir — mesmo sem existir o estímulo em questão.
Estima-se que 1 em cada 5 pessoas consigam sentir essa sensação, combinando imagens com barulhos sempre que tiverem uma brecha para isso. Esse percentual, aliás, é muito maior que outros tipos especiais de sinestesia, que costumam valer para 2% ou até 4% das pessoas.
Resumo da ópera? O som que a antena de energia faz é só coisa da sua cabeça. Mas não precisa se preocupar, é só o cérebro se esforçando além da conta na tarefa de ajudar você a não perder nada do mundo.