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Viaje pelas entranhas de uma nebulosa com este vídeo incrível da Nasa

Especialistas usaram imagens de grandes observatórios espaciais para dissecar a Nebulosa de Caranguejo e retratá-la em uma visualização 3D de tirar o fôlego

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 23 abr 2020, 15h22 - Publicado em 10 jan 2020, 20h12

Uma das nebulosas mais populares do céu noturno ganhou uma estonteante visualização 3D. Produzido por pesquisadores a partir de imagens obtidas por telescópios espaciais da Nasa, o vídeo mostra em nível inédito de detalhes o interior da Nebulosa do Caranguejo – objeto que há séculos fascina os astrônomos e que virou alvo de intensos estudos de lá para cá. Agora, temos a chance de contemplar suas entranhas. 

Isso só foi possível graças à união de esforços dos três grandes observatórios que a Nasa opera fora da Terra: o Hubble, o Chandra e o Spitzer. Cada um observa o Universo de sua própria maneira, explorando regiões distintas do espectro eletromagnético. Como bem sabemos, o Hubble foca suas pesquisas na luz visível, enquanto o Spitzer conduz estudos na faixa infravermelha do espectro, e o Chandra capta a frequência dos raios X.

Seria impossível dissecar a Nebulosa do Caranguejo usando só dados de um deles, já que ela contém processos e estruturas visíveis apenas em um dos três comprimentos de onda. Frank Summers, cientista de visualização que liderou a criação do vídeo, explica o que motivou a produção. “Ver imagens bidimensionais de um objeto, especialmente de uma estrutura complexa como a Nebulosa do Caranguejo, não passa uma boa ideia de sua natureza tridimensional”, disse.

A empreitada foi conduzida pelo programa Universe of Learning, da Nasa, que tem como objetivo criar experiências incríveis a partir da exploração do Universo. “Com essa interpretação científica, queremos ajudar as pessoas a entender a geometria em forma de ninho e interconectada da Nebulosa do Caranguejo. A interação das observações em múltiplos comprimentos de onda ilumina todas essas estruturas. Sem combinar raios X, infravermelho e luz visível, você não enxerga o todo.”

Após mostrar a localização da bela nebulosa na constelação do Touro, o vídeo dá um zoom e então começa a contextualizar cada “camada” do objeto — criado a partir da explosão violenta de uma estrela muito massiva. No centro fica um pulsar: os restos mortais da antiga estrela em um estado extremamente denso e com rotação frenética, emitindo 30 pulsos por segundo. Nesse regime de altas energias, a melhor pedida é o raio X.

Além do pulsar, o Chandra capturou também o disco de material energizado que gira ao seu redor, e também os dois jatos de partículas que ele emite em direções opostas. Em seguida, o vídeo mostra a nuvem de gás e poeira que envolve o sistema, bem como o brilho de uma forma específica de radiação que surge da interação entre partículas carregadas e campos magnéticos — a luz síncrotron. E aqui a boa é o infravermelho, observado pelo Spitzer.

Já a luz visível do Hubble foi fundamental para modelar a “concha” externa do caranguejo, que parece enjaular tudo o que há lá dentro. Esses tentáculos são formados por filamentos de oxigênio ionizado (que tem um ou mais elétrons faltando). Com o vídeo, além de escrutinar a nebulosa de uma estrela que explodiu em 1054 e foi observada pelos chineses, o público também entende de forma contundente e educativa por que os astrônomos precisam de vários comprimentos de onda para investigar o cosmos como se deve.

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