Vá plantar batatas… em Marte!
Já tem gente trabalhando na viabilidade do projeto. Saiba por que essa pode ser uma ótima ideia
A batata é uma possível salvação para o problema mundial de escassez de alimentos por causa de sua genética favorável. Ela a torna resistente a ponto de ser cultivada nas áreas mais inóspitas do planeta. E, quem sabe, até fora dele. O projeto Batatas em Marte, conduzido pelo CIP (sigla em espanhol para o Centro Internacional da Batata) busca exatamente isso: encontrar maneiras de colher o tubérculo a partir das condições extremas do planeta vermelho.
A tarefa tem o intuito de melhorar nossa agricultura, uma vez que as condições de Marte se aproximam das encontradas em regiões que sofrem com mudanças climáticas e não tem condições adequadas ao crescimento de culturas. Uma dessas áreas serviu à primeira etapa do projeto, no início de 2016. O CIP foi até o sul do Peru, próxima à divisa com o Chile, para recolher o solo vulcânico do deserto de Pampas de La Joya e testar como as batatas reagiam a um substrato mais seco e salino.
Mas para emular por completo as condições de Marte, era necessário também recriar sua atmosfera, composta principalmente por dióxido de carbono, e com apenas 1% da densidade terrestre. Iniciada em fevereiro do ano passado, a segunda etapa do projeto consistiu no desenvolvimento de um equipamento para abrigar o “solo marciano”. O CubeSat é um contêiner fechado hermeticamente que garante o abastecimento da plantação com água rica em minerais e faz o controle dos níveis de temperatura, pressão atmosférica, oxigênio e gás carbônico.
A tecnologia foi desenvolvida por um grupo de engenheiros da Universidade de Engenharia e Tecnologia de Lima, no Peru, em parceria com o Ames, centro de Pesquisas da NASA. “Se as plantas podem tolerar as condições extremas que recriamos em nosso CubeSat, elas têm uma boa chance de crescer em Marte. Pretendemos realizar uma série de experimentos para encontrar a variedade de batata que melhor responde à situação”, explica Julio Valdivia-Silva um dos pesquisadores responsáveis pelo experimento. “Queremos saber quais as condições mínimas que uma batata precisa para sobreviver”, completa.