Relâmpago: Revista em casa a partir de 9,90

Ratos aplicam primeiros socorros em companheiros desacordados

Três estudos mostram que os ratos se ajudam puxando a língua e retirando objetos da boca dos amigos.

Por Eduardo Lima
21 fev 2025, 18h00

A competição não é a única lei do reino animal. Um novo estudo ajuda a ilustrar a importância da cooperação entre os animais ao mostrar que os camundongos não deixam seus companheiros caídos para trás. Eles se mobilizam para aplicar técnicas de primeiros socorros em ratinhos inconscientes – que vão desde algumas cutucadas com a pata, mordidas e até um puxão na língua que parece respiração boca a boca.

A prática do cuidado não é exclusividade dos seres humanos, e descobertas recentes da ciência mostram que ela é muito mais comum no resto do reino animal do que se imaginava. Chimpanzés selvagens tocam e lambem companheiros feridos, e elefantes prestam assistência a parentes doentes, por exemplo. Até os golfinhos foram avistados ajudando a empurrar um camarada angustiado para a superfície, para que ele pudesse respirar.

Cientistas ligados à Universidade do Sul da Califórnia filmaram ratos em interação com seus companheiros de jaula, que poderiam estar ativos ou anestesiados. As descobertas foram divulgadas no periódico Science, e mostram que os camundongos cuidam uns dos outros. Ao longo de um período de 13 minutos, os animais ativos passavam em média seis minutos (47% do tempo) interagindo com seus companheiros de espécie inconscientes, tentando acordá-los.

Primeiros socorros para roedores

As interações seguiam um roteiro comportamental: os ratos começavam cheirando os companheiros, e depois começavam a passar a pata e cutucar para chamar atenção. Depois de não receberem resposta com esses métodos simples, eles recorriam a táticas mais invasivas e intensas: o camundongo ativo abria a boca do ratinho desacordado e puxava sua língua para fora.

Os ratos também lambem os olhos e mordem a boca dos amigos desmaiados. A técnica de puxar a língua do camarada se repetiu em mais de 50% dos casos.

Continua após a publicidade
Compartilhe essa matéria via:

Em outro teste, os pesquisadores colocaram uma bolinha de plástico atóxica na boca dos ratinhos desacordados, e em 80% dos casos os companheiros roedores conseguiram remover o objeto com sucesso.

As técnicas de primeiros socorros funcionaram: os ratos que receberam cuidado de seus companheiros de espécie acordaram e passaram a andar mais rápido do que os outros anestesiados que não receberam nenhum auxílio.

Continua após a publicidade

Os camundongos que estavam cuidando dos animais desacordados passavam mais tempo investidos se eles fossem realmente amigos, já tendo se conhecido antes. Se os ratos estivessem se vendo pela primeira vez, o nível de interação era menor.

A técnica do puxão na língua pode parecer respiração boca a boca, mas não é. Os ratos não conseguem fazer reanimação cardiopulmonar, já que essa técnica complexa requer treinamento. O que eles fazem é análogo a um chacoalhão, um tapinha para acordar ou mesmo alguns preceitos básicos de primeiros socorros para ajudar a respirar.

Monitorando o cérebro dos ratos, os pesquisadores perceberam uma relação entre os atos de cuidado e neurônios que liberam ocitocina na amígdala e no hipotálamo, o que impulsiona o comportamento cooperativo dos roedores. A ocitocina é um hormônio relacionado a apego, empatia e prazer.

Continua após a publicidade

É provável que esse comportamento seja inato, e não aprendido, visto que os animais que participaram do experimento tinham entre dois e três meses e nunca tinham presenciado uma situação dessas antes.

Além dessa equipe de cientistas, outros dois laboratórios chegaram a conclusões similares em 2025, o que mostra que os comportamentos desses animais aumentam a coesão de um grupo – e, portanto, ajudam os ratos a sobreviver e se adaptar.

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
a partir de 9,90/mês*
ECONOMIZE ATÉ 63% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Você pediu, a gente ouviu. Receba a revista em casa a partir de 9,90.
a partir de R$ 9,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.