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O que veio primeiro, o ovo ou a galinha?

O ovo. Explicação, há duas possíveis – vai depender se a pergunta se refere especificamente a ovos de galinha ou se engobla ovos em geral.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 30 abr 2021, 20h48 - Publicado em 30 abr 2021, 15h30

O ovo. Prontinho, eis a resposta. Explicação, há duas possíveis – depende de como você interpreta a pergunta.

Se estivermos pensando em ovo como um conceito mais amplo – qualquer ovo, de qualquer animal –, precisamos embarcar na máquina do tempo. Todas as aves põem ovos, não só as galinhas. E as aves descendem de dinossauros, répteis que também eram todos botadores.

De fato, todos os animais vertebrados possuíam ovos originalmente. Alguns ramos, como os mamíferos, abandonaram esse método ao longo de sua evolução em prol da gestação que conhecemos. Mas isso é exceção.

Inclua na conta os invertebrados, como crustáceos e insetos, temos que 99% dos animais se reproduzem com ovos.

Pensando nisso, essa moda reprodutiva começou há no mínimo 500 milhões anos, no período Cambriano, quando uma explosão de biodiversidade deu origem aos ancestrais de quase todos os bichos que a gente conhece hoje. Esses ancestrais foram se ramificando em incontáveis espécies, e a maioria delas manteve os ovos como meio preferencial de trazer bebês ao mundo.

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O único empecilho nesse raciocínio é que nem todo ovo para os biólogos é o que você chama de ovo: peixes, por exemplo, têm ovos minúsculos e molengas, sem casca calcária nem nada parecido com clara ou gema. São feitos para o ambiente aquático.

Sendo assim, talvez seja sensato delimitar a busca a ovos amnióticos – os ovos cascudos que conhecemos. Essa é um invenção dos ancestrais dos répteis atuais, e surgiu há algo entre 370 e 340 milhões de anos. Nessa época, nem a galinha nem qualquer outra ave sonhavam em existir. Portanto, o ovo veio primeiro.

Ovos amnióticos são um tipo impressionante de engenharia biológica. Impermeáveis ao mundo exterior, fornecem nutrientes e oxigênio para o embrião, e lidam com as excreções do futuro bebê sem precisar eliminá-las no ambiente.

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Agora, vamos dar a outra explicação: e no caso específico do ovo da galinha? 

As galinhas são animais domésticos. O nome científico já diz: Gallus gallus domesticus. O Gallus gallus original, selvagem, era uma ave com muito menos carne e muito mais vontade de bicar humanos. Seu nome leigo é galo-banquiva, e sua história com os humanos começou no sul da Ásia, provavelmente há uns 10 mil anos.

Os pintinhos de galo-banquiva mais dóceis e gordinhos eram selecionados e postos para cruzar, dando origem a gerações progressivamente mais tranquilas com o passar dos anos. Ninguém sabe os detalhes de como isso aconteceu, mas é possível que grande parte do processo tenha sido inconsciente.

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Os humanos pré-históricos criavam as aves mais suculentas e bem humoradas porque elas forneciam mais comida e davam menos trabalho, mas não ocorreu a ninguém que esse era um processo de seleção artificial, capaz de criar uma nova espécie. Assim surgiu um bicho fácil de ter em casa, que dá um bom almoço e é uma máquina de ovos. Galinhas são tão artificiais quanto iPhones.

Dentro dessa linha de pensamento, a questão do ovo se resume ao seguinte: um belo dia, uma “quase galinha” pôs um ovo cujo pintinho era só um pouquinho mais tranquilo que a mãe. E esse pintinho foi a primeira galinha – tudo depende do quão calmo e gordo você exige que o pintinho fique para declará-lo uma galinha oficialmente, e não mais a ave ancestral selvagem. Portanto, pela segunda vez neste texto, o ovo veio primeiro.

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