Relâmpago: Revista em casa a partir de 9,90

Por que certas pessoas são mais picadas por mosquitos que outras?

Não é impressão. Os mosquitos realmente têm algumas preferências. Infelizmente, a explicação para esse fato está em algo que não podemos controlar.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 13 dez 2021, 14h45 - Publicado em 3 jul 2019, 18h06

Algumas pessoas podem passar a noite no mato e saírem ilesas dos mosquitos; outras se enchem de repelente e mesmo assim não conseguem se livrar das picadas. Não é só impressão: os pernilongos de fato têm preferência por alguns humanos. Mas por que isso acontece?

Para responder a pergunta, primeiro precisamos saber como os mosquitos detectam suas vítimas. Assim como o cheiro de sangue atrai animais carnívoros e o cheiro de bolo saído do forno atrai as crianças, o dióxido de carbono exalado pelos humanos atrai os mosquitos.

Nós respiramos moléculas de oxigênio e expiramos gás carbônico. Antes que esse gás se misture com os outros compostos presentes no ar, ele fica concentrado ao nosso redor. Os mosquitos são sensíveis à picos desse gás em um raio de 50 metros em seu entorno. Guiados pelo “sexto sentido”, eles se aproximam do local onde a concentração do dióxido de carbono é mais forte — ou seja, onde há sangue fresco para o rango. 

Quando os insetos chegam a 3 metros de distância de um grupo de pessoas, chega a hora de escolher que será atacado. Vários fatores são levados em consideração: temperatura da pele, transpiração e até cor. A variável mais importante, porém, não tem a ver com a pessoa em si, mas sim com os micróbios presentes na superfície de sua pele.

Os mosquitos escolhem com base nos compostos químicos produzidos pelas colônias de microorganismos que habitam a superfície do nosso corpo. As criaturinhas microscópicas convertem secreções das glândulas sudoríparas em até 300 compostos diferentes. Em entrevista ao Live Science, o especialista em insetos Joop van Loon conta que os mosquitos detectam esses compostos pelo cheiro. 

Continua após a publicidade

Um estudo publicado em 2011 mostrou que homens com uma maior diversidade de micróbios na pele tinham tendência a receber menos picadas do mosquito da malária do que homens com uma menor variedade. O estudo também indicou que os mosquitos podem ter preferência por algumas bactérias específicas.

Segundo Jeff Riffeli, pesquisador em atração de mosquitos, pequenas variações nessa composição de químicos pode ser a diferença entre ser a vítima ou não. As colônias de micróbios também variam ao longo do tempo em um mesmo indivíduo, como, por exemplo, quando ele está doente.

Infelizmente, não temos controle sobre a atividade dos micróbios em nossa pele. A única solução é tentar respirar com calma e diminuir sua emissão de CO2. Pessoas que estão estressadas ou praticando exercício físico ficam ofegantes e exalam mais dióxido de carbono.

Riffeli dá uma última dica prática baseada em suas pesquisas para se livrar dos mosquitos: evitar roupas pretas. Segundo ele, os insetos são atraídos por essa cor. Da próxima vez que for explorar o meio do mato, considere usar roupas de manga longa e, de preferência, cores claras.

Publicidade