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Por que alguns animais são tão rápidos? Esta fórmula explica

O segredo está no tamanho – nem grandes demais, nem de menos

Por Guilherme Eler
18 jul 2017, 13h03

Correr, voar ou nadar mais rápido que os outros é uma vantagem evolutiva interessante. Ser ligeiro pode significar a diferença entre arranjar uma refeição ou virar almoço de alguém, conseguir um parceiro ou ser expulso do bando, entre outras dessas situações clássicas do reino animal.

De acordo com um estudo publicado na Nature Ecology & Evolution, o que determina o quão rápido um animal pode ser é a habilidade de se combinar explosão muscular e gasto de energia. Os animais de tamanho médio, dessa forma, levam vantagem – por conseguirem juntar o melhor dos dois mundos.

Isso explica o fato de encontrarmos velocistas esguios em cada um dos três ambientes. O peixe-espada chega a nadar a 110 km/h, o guepardo pode atingir 120 km/h enquanto corre e o falcão-peregrino poderia facilmente vencer uma prova de Fórmula 1, já que voa a 320 km/h. Todos os campeões têm a mesma característica: serem nem tão pesados nem tão pequenos, se comparados a seus companheiros aquáticos, terrestres ou voadores.

É verdade que criaturas maiores têm mais células musculares que podem conferir maior aceleração. Em teoria, toda essa capacidade de gerar energia para o movimento colocaria os grandalhões em vantagem em qualquer corrida. Mas essa não é uma relação que acontece na prática. Se tamanho fosse documento e a ligeireza fosse proporcional ao peso dos bichos, “os elefantes alcançariam fácil os 600 km/h”, como explicou a pesquisadora-chefe do estudo, Myriam Hirt, à AFP. A versão africana dos orelhudos, no entanto, corre a no máximo 40km/h.

A explicação está no desgaste que cada um sofre na tarefa de gerar movimento. No caso dos animais mais pesados, as células musculares se esgotam mais rapidamente do que acontece com outro que está mais em forma.

Isso fica claro nestes gráficos, criados pelos pesquisadores: o tempo até se atingir a aceleração máxima aumenta progressivamente com o peso. Deslocar todos esses quilos por muito tempo se torna bastante complicado: o oxigênio necessário para o esforço acaba antes de que se consiga chegar lá. Atingir a velocidade máxima, assim, é uma tarefa mais fácil para os mais leves e biologicamente impossível para os grandalhões.

Olhando para os resultados gerais, a anatomia não parece importar tanto para esse desempenho. Ter o corpo anatomicamente adaptado para rasgar os céus ou gastar o chão de forma super-eficiente foram critérios menos importantes que o peso conforme este outro gráfico, que você pode visualizar aqui.

Para chegar à relação matemática “k=cMd-1”, os cientistas analisaram 474 espécies – terrestres e aquáticas. Na lista, há desde insetinhos que pesam 30 μg até grandes mamíferos, de 100 toneladas. Na fórmula, “k” é a aceleração, que varia de espécie para espécie, e “M” representa a massa do bicho.

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Sabendo apenas o peso e o meio pelo qual ele se desloca – seja água, ar ou terra – é possível testar matematicamente se você perderia ou não uma prova de 100 metros rasos com qualquer animal. A precisão dos cálculos, segundo os pesquisadores, chega a 90%.

O mais interessante é que a fórmula pode ser aplicada até mesmo a espécies que já não existem mais, como dinossauros. Os cálculos conseguiram comprovar que o velociraptor honra seu nome de batismo, já que chega a 50 km/h. Ele é muito mais rápido que um tiranossauro-rex, um dos maiores dinossauros que se têm notícia. Com estes últimos, aliás, daria até para apostar uma corrida. Mas só se você pudesse manter uma média de 27 km/h durante todo o percurso – ou, pelo menos, até o bichão se cansar de vez.

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