Pesquisadores descobrem nova espécie de sucuri gigante na Amazônia
Nova espécie foi descoberta durante a gravação de um novo documentário da National Geographic com Will Smith
Uma pesquisa realizada na Amazônia Equatoriana descobriu uma nova espécie da famosa anaconda, mais precisamente conhecida como sucuri. Até então, os pesquisadores reconheciam quatro espécies dessa serpente, mas novas evidências mostram que o que antes acreditava-se ser da espécie sucuri verde (Eunectes murinus), é na verdade uma nova e diferente espécie.
O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália. A nova espécie foi batizada como anaconda verde do norte (Eunectes akayima), e identificada na região de Bameno na Amazônia Equatoriana. A nova espécie foi descoberta durante as filmagens de uma nova série documental da National Geographic chamada de “Pole to Pole with Will Smith”.
A série, que acompanha o astro por diversos biomas e lugares ao redor do globo, tem como líder científico da expedição o professor Bryan Fry, da Universidade de Queensland. Ele e sua equipe conseguiram identificar a nova espécie graças a um convite feito pela comunidade do povo indígena Waorani, nativo da região.
“Nossa equipe recebeu um convite raro dos povos Waorani para explorar a região e coletar amostras de uma população de anacondas, rumores de serem as maiores em existência. Os caçadores indígenas nos levaram para a selva em uma expedição de 10 dias para buscar essas cobras, que consideram sagradas”, disse Fry em comunicado à imprensa.
As sucuris são encontradas em quase toda a América do Sul, em regiões do Brasil, Equador, Argentina, Colômbia e Venezuela. Elas geralmente vivem em ambientes aquáticos, em rios das bacias do Amazonas e do Orinoco.
São chamadas de “anacondas gigantes” devido ao seu incrível tamanho. A fêmea de algumas espécies (como a sucuri verde), pode chegar aos sete metros e pesar mais de 250 kg. Mas claro, nada do tamanho daqueles animais vistos em filmes de ficção ou em lendas urbanas por aí.
O estudo segue anos de pesquisa das sucuris da região, que analisou amostras de espécies coletadas em nove países diferentes. Ao examinar em laboratório as amostras da sucuri verde, os pesquisadores encontraram algumas diferenças genéticas, separando assim os animais em duas espécies distintas.
Estudando o genoma das serpentes, os pesquisadores descobriram uma diferença genética de aproximadamente 5,5%. Pode até parecer pouco, mas é o suficiente para delimitar uma nova espécie. Só para grau de comparação, nós humanos e os chimpanzés possuímos uma diferença genética de 2%.
Os pesquisadores ainda não sabem o que levou à separação entre as duas espécies, mas acreditam que isso ocorreu há mais ou menos 10 milhões de anos.
A pesquisa revela ainda a necessidade de se aplicar técnicas de conservação diferentes para as duas espécies. Como vivem em regiões diferentes, as serpentes enfrentam ameaças ecológicas também diferentes.
As sucuris são animais bastante sensíveis às mudanças ambientais, de modo que estratégias de conservação devem ser aplicadas para a manutenção das espécies na natureza.
“O desmatamento da bacia amazônica devido à expansão agrícola resultou em uma perda estimada de habitat de 20% a 31%, o que pode impactar até 40% de suas florestas até 2050,” alerta o professor Fry.
“Outro problema crescente é a degradação do habitat devido à fragmentação do solo, liderada pela agricultura industrializada epoluição por metais pesados associada às atividades de mineração.”
Isso tudo sem falar dos incêndios florestais, seca e mudanças climáticas que colocam a vida dessas serpentes e outros animais nativos da região em risco de extinção.