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Pesquisa detecta cocaína em tubarões brasileiros

Animais do litoral do Rio de Janeiro ingerem a droga por meio da água.

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
21 set 2024, 16h00

A pesca de camarão às vezes também captura outras espécies, como tubarões. Cientistas da Fiocruz dissecaram 13 tubarões-bico-fino-brasileiro, que haviam sido capturados por pescadores do Recreio dos Bandeirantes (RJ), e detectaram cocaína e benzoilecgonina (o principal metabólito da cocaína) no organismo deles. Conversamos com Rachel Ann Hauser-Davis e Enrico Saggioro, dois dos autores do estudo (1).

Os resultados mostram que há cocaína na água. De onde ela pode estar vindo?
Enrico: Há três hipóteses. Uma das vias é por meio da urina dos usuários [de cocaína], que vai para o esgoto. A outra hipótese é a de laboratório do tráfico, a manipulação da pasta-base, que pode estar entrando no ambiente também por escoamento. E a outra via é tráfico mesmo, tráfico marítimo. Mas a principal é esgoto, lançamento de esgoto no mar.

O estudo detectou três vezes mais cocaína do que benzoilecgonina nos tubarões – e mais cocaína nos músculos do que no fígado. O que isso significa?
Enrico: No ambiente, o tempo de meia-vida da cocaína é curto. Se você encontra mais cocaína do que benzoil no animal, isso quer dizer que ele está sendo exposto constantemente. E o músculo é um tecido de depósito. O animal está sendo exposto constantemente, e está acumulando essa molécula.

Rachel: É uma espécie que come outros peixes, e alguns invertebrados. Então [a cocaína] pode estar vindo através da alimentação, além da água. É muito provável que outros animais também estejam contaminados.

A contaminação pode alterar o comportamento dos tubarões? Pode trazer alguma consequência nociva a eles? E a quem consome sua carne, vendida como cação?
Rachel: Nós não fizemos estudos para verificar o efeito no comportamento [dos animais]. É muito possível, talvez até provável, ter algum. Porque alguns experimentos em laboratório com outros peixes, peixes pequenos, já indicam algum tipo de alteração comportamental.

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Com relação ao consumo [da carne], não tem como a gente afirmar, porque nunca foi feito um estudo para saber o quanto uma pessoa precisaria comer de um animal contaminado para ter efeito. Isso precisaria de estudos epidemiológicos.

Enrico: A cocaína a pessoa inala, ou fuma. Agora vamos supor que ela come esse animal que tem cocaína. A concentração é mais baixa, e é por via oral. A droga vai passar pelo estômago, tem o suco gástrico. Então tem muitas variáveis que impedem isso [a absorção da droga pelo organismo]. Mas a gente não sabe.

Fonte 1. “‘Cocaine Shark’: First report on cocaine and benzoylecgonine detection in sharks”. E Saggioro e outros, 2024.

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