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Pais mais velhos passam mais mutações genéticas para os filhos

Em comparação às mulheres, homens chegam a acumular 4 vezes mais alterações em seu DNA ao longo da vida

Por Guilherme Eler
Atualizado em 21 set 2017, 19h59 - Publicado em 21 set 2017, 19h45

É normal que a missão de gerar um bebê vá se tornando mais difícil com o tempo. Isso porque, do ponto de vista biológico, o período ideal para engravidar fica na faixa entre os 20 e 30 anos. Nessa época, a fertilidade está no seu auge, os óvulos são mais novos e o corpo da mulher está mais preparado para dar à luz. A partir dos 40, porém, a chance de que uma gestação seja bem-sucedida é menor. Tornam-se mais comuns, também, as anomalias nos cromossomos, que eventualmente podem causar diferentes síndromes físicas e mentais.

O que um novo estudo islandês mostrou é que, além de se tornarem mais frequentes com o avanço do tempo, essas mutações genéticas também variam de acordo com o gênero. Nessa conta, a idade da mãe acaba pesando menos – já que 80% das alterações dependem do material genético paterno. 

Os cientistas chegaram à essa relação analisando os genomas de 14,688 pessoas. A proporção observada no grupo foi de 1 para 4: enquanto as mulheres desenvolviam 0,37 mutação por ano, esse número foi de 1,51 para os homens. Ou seja: o DNA dos homens ganha uma nova característica a cada oito meses de vida. Para o time feminino, no entanto, a quantidade é menor: uma nova alteração surge a cada três anos. Isso significa que ter um pai muito mais velho que a mãe implica em herdar um número maior de alterações genética. Um filho de um casal de 28 anos, por exemplo, receberia 10 novas mutações maternas e 42 paternas. 

Essa diferença acontece graças ao ritmo que as alterações genéticas surgem em cada sexo. Homens passam por mais mudanças porque estão, ao longo da vida inteira, renovando seus gametas reprodutivos. Uma vez que os espermatozoides estão sempre morrendo e sendo gerados nos testículos, é normal que erros de percurso genéticos aconteçam de forma mais frequente. As mulheres, por outro lado, costumam nascer com todo o seu estoque de óvulos já formado. Mesmo quando vão ficando velhos, esses óvulos não costumam se dividir para gerar novos – o que torna esse tipo alteração muito menos comum.

Como “mutações”, você pode entender as características inéditas em um indivíduo. Elas surgem no momento de divisão celular, graças a um erro na cópia do material que dará origem a um novo gameta. É normal que um humano, aliás, nasça com pelo menos 70 dessas alteraçõesGraças ao fato de seu pai e sua mãe serem únicos, você, combinação genética deles, também nasce único – com todas as suas próprias imperfeições.

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Essa capacidade de diferenciação é um dos mecanismos que garantiu o sucesso evolutivo de nossa espécie. Uma vez que uma característica surge em um único indivíduo, ela pode ser carregada por gerações – extinguindo doenças ou nos dando alguma habilidade adaptativa, por exemplo.

Porém, como verdadeiros frutos do acaso, as mutações também podem ser nocivas. Por conta de estudos anteriores, sabe-se que esse tipo de problema genético tem relação com o surgimento de autismo, síndrome de Down e esquizofrenia. “Uma porcentagem muito alta de doenças raras em crianças vieram de mutações que não são encontradas em seus pais”, explicou Kári Stefánsson, um dos autores do estudo, à New Scientist . “É importante entendermos a real origem dessas mutações”, completa.

O estudo foi publicado na revista Nature.

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