Pesquisas recentes estão fazendo avanços enormes para desvendar o sono – por que precisamos dormir, como podemos dormir mais e o que acontece quando não dormimos o suficiente. Mas muita coisa ainda é em grande medida desconhecida, incluindo o modo como circuitos cerebrais controlam o ciclo do sono e do despertar. Ou melhor, muita coisa era desconhecida até agora.
Em um estudo crucial, neurocientistas da Universidade de Berna, na Suíça, descobriram um padrão de atividade cerebral que é responsável por nos despertar do sono leve ou quando estamos anestesiados.
“Essas descobertas identificam uma nova rede e redefinem nosso entendimento da rede cerebral que regula o ciclo do sono e do estado desperto”, disse ao HuffPost em e-mail o Dr. Antoine Adamantidis, neurocientista da Universidade de Berna e autor principal do estudo.
Publicado em 21 de dezembro na revista científica Nature Neuroscience, o estudo mostrou que a ativação do circuito associado aos ritmos de atividade elétrica que ocorrem durante o sono – localizados entre as regiões cerebrais do hipotálamo e do tálamo) levam ao despertar rápido. Enquanto isso, a inibição do circuito aprofunda o sono.
Os pesquisadores trabalharam com camundongos, utilizando numa técnica nova chamada optogenética. Eles inseriram genes reativos à luz em determinados neurônios do circuito dos roedores e então ativaram esses neurônios com pulsos de luz.
Quando os pesquisadores ativaram os neurônios no circuito, puderam induzir o despertar rápido. Quando estimularam esses neurônios por um período extenso, os camundongos continuaram despertos. Mas, quando inibiram os neurônios no circuito, os camundongos dormiram por mais tempo, mais profundamente e com menos interrupções.
E tem mais: o poder de despertar desse circuito cerebral mostrou ser tão forte que chegou a levar os camundongos a voltar à consciência depois de serem anestesiados.
Adamantidis considerou a descoberta instigante, porque pode levar à criação de novos métodos terapêuticos para despertar pessoas que se encontram em estado vegetativo ou de consciência mínima. Até agora esses métodos são limitados.
Os cientistas dizem que, quando eles puderem determinar a relação entre problemas no funcionamento do circuito cerebral e problemas do sono, a nova descoberta também poderá resultar em tratamentos mais seletivos para a insônia ou as perturbações do sono.
“Essa é uma questão importante no campo dos distúrbios do sono”, disse Adamantidis. “Esses circuitos talvez se tornem hipersensíveis a determinados estímulos, e a hiperatividade pode atrasar a chegada do sono e também levar ao sono fragmentado, duas características da insônia.”
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