Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Abril Day: Super por apenas 4,00

O Sol destruiu a atmosfera de Marte

Nasa esclareceu o mistério de como um planeta que já foi tão habitável quanto a Terra tornou-se um deserto vermelho

Por Fábio Marton
6 nov 2015, 16h15 • Atualizado em 8 mar 2024, 11h39
  • Na segunda feira, a Nasa criou um baita mistério dizendo que iria anunciar uma “grande descoberta sobre a atmosfera de Marte”. A revelação, exposta numa conferência hoje à tarde, é que eles finalmente acharam a resposta sobre o que deu errado com nosso vizinho.

    Analisando dados do satélite MAVEN (Mars Atmosphere and Volatile Evolution, “Atmosfera e Evolução Volátil de Marte”), eles concluíram que a atmosfera do planeta foi quase completamente varrida por ventos solares. Ventos solares são emissões de partículas, principalmente prótons e elétrons, que o Sol gera o tempo todo. E eles são bem capazes de jogar para o espaço a atmosfera de um planeta, como mostra o vídeo a seguir:

    [youtube https://www.youtube.com/watch?v=gX5JCYBZpcg%5D

    “Marte parece que um dia teve uma atmosfera densa e quente o suficiente para manter água líquida, o que é um ingrediente crucial para a vida como conhecemos”, afirma John Grunsfeld, astronauta e administrador do Diretório de Missões Científicas da Nasa. “Entender o que aconteceu com a atmosfera de Marte irá nos esclarecer a dinâmica e a evolução de qualquer atmosfera planetária. Entender o que pode causar mudanças no ambiente de um planeta, de um que pode abrigar micróbios na superfície para um que não pode, é importante de conhecer, e uma questão central no que está sendo esclarecida pela jornada da Nasa à Marte.”

    Vizinho azarado

    Continua após a publicidade

    Marte tem uma história triste. Há cerca de 3,8 bilhões de anos, tinha uma atmosfera densa e água líquida, na forma de lagos, rios e oceanos, exatamente como a Terra. Isso permitiria ao planeta abrigar vida (se realmente existiu, ainda é um mistério). Cem milhões de anos depois, tornou-se o deserto que conhecemos.

    O que a perda da atmosfera tem a ver com a água? Quando a pressão atmosférica diminui, também diminui o ponto de ebulição. No vácuo, a água nunca é líquida, apenas sólida ou gasosa. Em Marte, que tem uma pressão atmosférica igual a 1% da terrestre, a água evapora a 10 ºC. Além disso, uma atmosfera densa é necessária para o efeito estufa, que aquece o planeta inteiro. A combinação de baixa pressão e muito frio faz com que, hoje em dia, Marte praticamente só tenha água no estado sólido ou gasoso.

    Por que o mesmo não aconteceu aqui? Porque a Terra, diferente do vizinho, tem um campo magnético. Esse campo desvia os ventos solares – a gente ainda perde um pouquinho de atmosfera, mas é irrelevante em comparação com Marte. Esse campo é formado pelo movimento do ferro fundido abaixo da crosta. O que quer dizer que um planeta precisa ter o interior quente para ter campo magnético. Marte esfriou rapidinho e, segundo a Nasa, perdeu seu campo magnético há 4,2 bilhões de anos. A atmosfera começou a vazar até que, há 3,7 bilhões de anos, era rala demais para manter água líquida na superfície.

    Continua após a publicidade

    Fuga constante

    O ar marciano continua a vazar. A Nasa calculou que a perda de atmosfera em Marte hoje em dia é de 100 gramas por segundo. É uma micharia, e o pouco que restou deve ainda durar por mais 2 bilhões de anos. Mas nem sempre foi assim: mesmo hoje, quando ocorrem as tempestades solares, emissões nas quais o vento solar é muito mais violento, esse valor se multiplica por 10 ou 20. No passado, quando o Sol era jovem e muito mais ativo, essas tempestades eram mais comuns e violentas. Então, para as contas fecharem, nosso pobre vizinho um dia perdeu entre 100 a 1000 vezes mais que hoje. Ainda assim, levou até 500 milhões de anos.

    Pra terminar, uma pergunta feita aos cientistas na conferência: pode acontecer aqui? A Terra só perde o campo magnético nos eventos de inversão de polos. Mas eles levam meros séculos, e isso não é nada na escala geológica.

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    15 marcas que você confia. Uma assinatura que vale por todas

    ABRILDAY

    Digital Completo

    Enquanto você lê isso, o mundo muda — e quem tem Superinteressante Digital sai na frente.
    Tenha acesso imediato a ciência, tecnologia, comportamento e curiosidades que vão turbinar sua mente e te deixar sempre atualizado
    De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
    ABRILDAY

    Revista em Casa + Digital Completo

    Superinteressante todo mês na sua casa, além de todos os benefícios do plano Digital Completo
    De: R$ 26,90/mês
    A partir de R$ 9,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.