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O que é microexplosão, fenômeno atmosférico que tem derrubado árvores na Amazônia

Esses tornados ao contrário são responsáveis por derrubar algumas das maiores e mais antigas árvores da Amazônia, num ciclo vicioso de mudanças climáticas.

Por Eduardo Lima
26 nov 2024, 18h00 •
  • Algumas árvores têm caído na floresta amazônica, mas não por causa do desmatamento. Não é mágica, é o clima. O que está acontecendo são microbursts, ou, como os cientistas brasileiros chamam, rajadas descendentes ou microexplosões atmosféricas.

    Uma microexplosão atmosférica é um evento extremo de clima que consiste em uma corrente de vento descendente muito forte que se separa de uma nuvem de tempestade e vai em direção ao solo. Basicamente, é o movimento oposto de um tornado, mas com poder destrutivo semelhante. Quando essa descarga de ar frio e denso atinge o solo, ela se espalha em ventos fortes e violentos pela área.

    Ventos extremos – intensificados pelas mudanças climáticas – são os responsáveis por alterações na estrutura, composição e balanço de carbono das florestas, derrubando árvores na Amazônia. É isso que explica um estudo científico publicado no periódico American Geophysical Union Advances.

    O estudo, liderado pelo pesquisador David Urquiza, do Instituto Max Planck de Biogeoquímica da Alemanha, mostrou que essas microexplosões estão acontecendo com mais frequência na Amazônia. Entre 1985 e 2020, os eventos quadruplicaram, crescendo especialmente depois da década de 1990.

    Tornados ao contrário

    Na origem tanto de um tornado quanto de uma microexplosão atmosférica, há uma nuvem cumulonimbus. Diretamente ligadas a tempestades, essas nuvens são primariamente verticais, às vezes com mais de 20 km de altura. Enquanto o tornado nasce de uma corrente de ar ascendente na base da nuvem, a microexplosão é causada pelo movimento descendente das correntes de ar. 

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    As rajadas de ar se concentram em um trecho pequeno da nuvem, por isso as explosões são chamadas de “micro”. Quando a rajada atinge o solo, o barulho é alto e os ventos fortes podem se espalhar horizontalmente por uma área de até 4 km.

    Ilustração de uma microrrajada descendente (microburst). O ar desloca-se em sentido descendente até entrar em contacto com o solo, de onde se espalha de forma radial em todas as direções.
    (Wikimedia Commons/Reprodução)

    O fenômeno pode ocorrer o ano todo, mas é mais frequente no verão, com a umidade alta da estação. Os ventos causados por uma microexplosão atmosférica podem ultrapassar os 200 km/h, criando caos na floresta.

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    As quedas de árvores em decorrência de microexplosões atmosféricas foram identificadas usando o Landsat, programa da Nasa e do Serviço Geológico dos Estados Unidos que capta imagens de satélite da superfície terrestre. Dá para ver e comparar os pixels que foram afetados. Cada ponto da imagem corresponde a uma área de, mais ou menos, 900 m². Nesse espaço, cabem até oito árvores gigantes caídas.

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    Esses tornados ao contrário podem destruir árvores gigantes que levaram, em média, 400 anos para se desenvolver na Amazônia. Essas plantas são essenciais para o combate à crise climática, já que armazenam muito CO₂, acumulado durante séculos. O gás é liberado para a atmosfera quando elas caem, contribuindo para o efeito estufa.

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    As árvores gigantes, que oferecem sombra para a fauna local e oferecem alimento para animais, representam só 1% da flora da Amazônia. Pode não parecer muito, mas quando falamos de estoque de carbono, o número é bem diferente. As anciãs da floresta são responsáveis por 50% do CO₂ armazenado no ecossistema amazônico.

    A crise climática intensifica as microexplosões atmosféricas que, por sua vez, derrubam árvores que liberam mais CO₂ na atmosfera, continuando o ciclo vicioso das mudanças climáticas.

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