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O músculo obsoleto que tenta mover suas orelhas quando você escuta algo difícil

Segundo novo estudo, a espécie humana mantêm vestígios evolutivos do tipo comportamento canino de mover as aurículas para prestar atenção.

Por Eduardo Lima
2 fev 2025, 18h00

Para vários mamíferos, escutar envolve mexer a orelha para focar em algum barulho em particular. Os humanos e seus ancestrais diretos perderam essa habilidade há cerca de 25 milhões de anos, mas não completamente. Algumas pessoas ainda conseguem balançar a orelha por brincadeira, e um novo estudo mostra que esse músculo obsoleto é ativado quando alguém se esforça para ouvir algo.

Apesar da habilidade de mexer a orelha para escutar melhor ter se perdido, alguns dos músculos e neurônios envolvidos no processo continuam presentes nos Homo sapiens hoje em dia, uma evidência do nosso passado

Um estudo da mesma equipe de 2020 descobriu que esse músculo da orelha é ativado de acordo com a direção da qual o som está vindo. Agora, uma nova pesquisa dos mesmos cientistas, publicada no periódico Frontiers in Neuroscience, mostrou que esse músculo vestigial – que não exerce mais a função que exercia em nossos ancestrais – é ativado quando um humano tenta ouvir um som difícil de escutar.

Essa descoberta mostra que o cérebro ainda mantém parte da estrutura neural para fazer as orelhas se mexerem. É como um “fóssil de neurônios” dentro do cérebro.

Caos sonoro

Para realizar o experimento, os pesquisadores selecionaram 20 adultos com idades entre 22 e 37 anos, sem nenhum problema auditivo, para ouvir um audiolivro e um podcast tocados ao mesmo tempo, pela mesma caixa de som. A ideia era focar no audiolivro, narrado por uma voz feminina, durante 5 minutos.

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Os cientistas pensaram em três níveis diferentes de caos sonoro: no mais fácil, o podcast está com volume mais baixo que o audiolivro, e a voz do apresentador é mais grave. No nível médio, um novo podcast entra na jogada, mas ele é mais baixo e narrado por uma mulher.

Já o nível mais difícil envolve tocar ambos podcasts num volume mais alto por cima do audiolivro, com uma voz masculina e duas femininas se confundindo entre si. Os participantes passaram por cada nível duas vezes.

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Enquanto os voluntários precisavam focar no audiolivro no meio da bagunça sonora, os pesquisadores mediam a atividade elétrica nos músculos da orelha por meio de sensores na pele. Os cientistas descobriram que o músculo auricular superior – o maior da área da orelha – era ativado durante o teste mais difícil, mesmo que não servisse para movimentar a orelha na direção do som.

Os pesquisadores não investigaram se a ativação do músculo realmente ajudava na audição, ou se é só um vestígio de uma estrutura que não faz mais sentido, mesmo. Porém, observar a atividade do auricular superior pode ajudar a avaliar, com objetividade, o esforço exigido pela audição. Essas informações podem servir para desenvolver aparelhos auditivos mais eficazes, que copiem o processo que a audição faz naturalmente.

Antes de aplicar isso a novos aparelhos auditivos, outros estudos precisam comprovar essa descoberta com grupos mais amplos de pessoas. Os cientistas envolvidos também não levaram em conta as expressões faciais das pessoas, que podem ter influenciado na ativação do músculo auricular superior.

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