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O físico que olhou dentro de um acelerador de partículas

O acelerador soviético U-70 parou de funcionar. Anatoli Bugorski, de 36 anos, foi averiguar o problema. E o impensável aconteceu.

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
4 Maio 2024, 19h00

AA construção do acelerador de partículas U-70, inaugurado em 1967 na cidade de Protvino (100 km de Moscou), foi motivo de orgulho para a URSS – tanto que, em 1970, os envolvidos no projeto receberam o prestigioso Prêmio Lênin, concedido pelo governo soviético a cientistas, arquitetos e artistas.

O U-70 trabalha com prótons: ele acelera essas partículas a velocidades altíssimas, perto da velocidade da luz, e as colide para que elas se rompam (e os cientistas possam estudar as partículas subatômicas).

Quando foi inaugurado, o U-70 tinha o feixe de prótons mais intenso do mundo – e, até hoje, é o acelerador mais potente da Rússia.

Mas, em 13 de julho de 1978, ele parou de funcionar. O físico russo Anatoli Bugorski, de 36 anos, decidiu averiguar o que estava acontecendo. Ele abriu o “cano” do acelerador, se inclinou e olhou dentro – Bugorski sabia que não haveria problema, pois o U-70 tinha um mecanismo de segurança que interrompia a emissão de prótons se o circuito estivesse aberto. Óbvio. Só que esse mecanismo falhou. O acelerador estava ligado.

Numa fração de segundo, Bugorski viu um clarão, que ele descreveu como “mais brilhante do que mil sóis”. O feixe de prótons entrou pela narina esquerda e atravessou todo o cérebro dele. O físico recebeu 200 a 300 mil rads de radiação – o equivalente a 200 a 300 vezes a dose letal.

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Na hora, ele não sentiu dor e continuou trabalhando. Mas seu rosto inchou bastante, e ele foi ao hospital. Lá, constatou-se que os prótons fizeram um buraco no cérebro do russo, que ficou com o lado esquerdo do rosto paralisado.

Os médicos achavam que ele iria morrer. Incrivelmente, isso não aconteceu – e Bugorski seguiu carreira como físico nuclear. Ele está vivo até hoje, aos 81 anos. Como sequelas, perdeu a audição no ouvido esquerdo, e às vezes sofre convulsões epiléticas.

O acidente também teve uma consequência inusitada: o lado esquerdo do rosto de Bugorski, que foi exposto ao feixe de prótons, não desenvolveu nenhuma ruga.

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