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Novo cosmético coleta amostra genética da pele – e é financiado pela CIA

Mesma tecnologia que retira manchas permite colher DNA da pele

Por Ana Carolina Leonardi
Atualizado em 31 out 2016, 19h01 - Publicado em 11 abr 2016, 14h00

Nada de impressões digitais. A CIA, agência de inteligência americana, está investindo em uma nova tecnologia de identificação: um exfoliante para o rosto que permite a coleta do DNA da pele. 

Desde o final dos anos 1990, a agência tem seu próprio fundo de investimento: o In-Q-Tel, que investe em empresas de tecnologia (como a Keyhole, que mais tarde foi comprada pelo Google e deu origem ao Google Earth). O propósito é financiar o desenvolvimento de soluções que possam ser usadas um dia pela CIA. Mas o fundo surpreendeu ao firmar uma parceria com a Skincential Sciences, uma empresa de cosméticos.

Essa empresa fabrica um produto chamado Clearista. É um gel que promete remover manchas e marcas na pele – supostamente, com resultados tão bons quanto os dos peelings químicos ou tratamentos a lasers, feitos no consultório do dermatologista. Só que em casa e sem dor. 

O produto funciona removendo uma fina camada da pele, para que ela dê lugar a outra camada mais jovem e sem manchas. Mas essa parte que é retirada também pode servir como amostra para extração de DNA – e é nisso que a CIA parece estar interessada. “Eles querem algo que forneça acesso fácil a marcadores genéticos. Não há melhor identificador que o DNA, e nós sabemos que podemos extrair DNA”, admite o executivo-chefe da Skincential Sciences, Russ Lebovitz, em entrevista ao site The Intercept.

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A própria empresa de Lebovitz conhece o potencial da sua tecnologia. Antes de ir para o mercado de cosméticos, a empresa estava desenvolvendo sua técnica de extração de pele para uso médico (ela poderia ser usada no diagnóstico do câncer de pele, por exemplo). O executivo diz não saber exatamente o que motivou a In-Q-Tel a escolher financiar sua empresa. Ele acredita que sua técnica de extração possa vir a ser usada em investigações de cenas de crime, ao estilo CSI, mas não dá detalhes de como seria essa aplicação.

O que explica, então, o interesse da CIA em um produto de beleza? A discrição da técnica chama a atenção. Se a tecnologia for aperfeiçoada, ela pode, por exemplo, permitir a extração de uma amostra de DNA sem que a pessoa perceba.

Além do DNA, a própria coleta de pele traz novas formas de identificação de pessoas. A pele de cada um desenvolve um pequeno ecossistema, que é único. Uma amostra de microorganismos tirados de um teclado, por exemplo, pode ser associada ao microbioma da pessoa que estava digitando. 

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O projetos financiados pela In-Q-Tel são, na maioria, secretos. A ideia foi que a empresa aproximasse a CIA do Vale do Silício, onde tecnologias de ponta são criadas. Até o nome tem um “quê” de nerd: o Q no meio é uma homenagem ao codinome do personagem dos filmes de James Bond responsável pelos gadgets do espião.

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