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Nasa está recrutando voluntárias para passar 60 dias deitadas – pela ciência

Cada uma ganhará o equivalente a R$ 50 mil pelo “descanso”. Mas a experiência não será agradável - pois tentará simular o efeito da ausência de gravidade

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 12 mar 2024, 12h42 - Publicado em 3 abr 2019, 19h21

Está cansado de não dormir nem 6 horas por noite? A Nasa pode te dar um fio de esperança – ou de inveja. Isso porque doze (sortudas) mulheres serão escolhidas para um único trabalho: deitar-se em uma cama, em uma sala privada, por 60 dias. Dois meses de repouso e relaxamento absoluto, em nome da exploração espacial.

O estudo colaborativo entre Nasa, Agência Espacial Alemã (DLR) e Agência Espacial Europeia (ESA) é intitulado AGBRESA (Repouso de Leito por Gravidade Artificial). Mas não será exatamente o que você imagina. Há um detalhe muito importante: as camas utilizadas serão inclinadas seis graus abaixo do corpo na parte da cabeça (veja foto acima). Isso servirá para simular as consequências fisiológicas da microgravidade, como no espaço.

O experimento quer entender o que acontece com o corpo quando submetido a essas condições, para tentar contrabalançar suas consequências. Por conta da microgravidade, os astronautas costumam ficar vermelhos e inchados após as viagens. Isso é resultado da transferência de fluidos corporais para a cabeça — e pode resultar até na quebra de alguns músculos e ossos. Esse fenômeno é conhecido como “puffy head bird legs“, algo como “síndrome das pernas de pássaro inchadas”.

Além do longo repouso, dois terços das participantes terão um pouco mais de “emoção” na empreitada: participarão de uma “centrífuga humana”. Ela girará as voluntárias 30 minutos por dia, de acordo com o site da agência alemã. A máquina gera gravidade artificial que ajuda a redistribuir os fluidos uniformemente por todo o corpo, um possível contrapeso às consequências da microgravidade.

Para combater esses efeitos nas atuais expedições, os astronautas precisam passar boa parte do dia se exercitando, o que resulta em precioso tempo de voo amarrado em uma esteira. Em comparação, 30 minutos em uma centrífuga teriam o mesmo efeito e liberariam um tempo enorme do dia para eles realizarem as missões.

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(NASA Analog Missions/Reprodução)

O teste acontecerá em uma instalação chamada envihab (derivado das palavras “Meio Ambiente” e “Habitat”, em inglês): um centro de pesquisa operado pelo Instituto de Medicina Aeroespacial da Agência Espacial Alemã (DLR).

De todos os possíveis desafios que os astronautas enfrentam no ambiente espacial, a microgravidade provou ser uma das mais difíceis de imitar em um ambiente experimental. Uma das “desvantagens” de um estudo de repouso no leito é que os participantes realmente não conseguem se levantar. Todas as atividades, como comer, tomar banho e fazer xixi, devem acontecer enquanto estão deitadas e inclinadas. Tanto que, após os 60 dias, as voluntárias precisarão ficar 29 dias em readaptação. Outra desvantagem? A fim de manter um experimento tão controlado quanto possível, os pesquisadores não querem que os participantes ganhem ou percam peso, por isso a alimentação diária é a base de um rígida dieta, sem aditivos ou adoçantes artificiais.

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Lembrando que este estudo não é a primeira vez que as agências espaciais pagaram pessoas para se deitarem. Em 2013, a NASA contratou voluntários para deitar na cama por 70 dias. Em 2017, o Instituto de Medicina Espacial e Fisiologia da França contratou 24 “homens aptos e atléticos” para ficarem deitados por 60 dias.

O projeto atual estudará 12 homens e 12 mulheres, mas só está recrutando mulheres no momento. O teste começará em setembro e vai pagar a bagatela de 207 dólares por dia. Ao final, o participante vai ter embolsado cerca de R$ 50 mil. Ficou interessado? Os únicos requisitos do momento são: ser mulher, falar alemão e ter entre 24 e 55 anos.

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