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Não, não estamos vivendo em uma simulação de computador

A hipótese foi considerada por nomes como Elon Musk e Neil deGrasse Tyson. Mas um novo estudo, feito na Universidade de Oxford, entende que ela é impossível

Por Guilherme Eler
Atualizado em 6 out 2017, 15h25 - Publicado em 5 out 2017, 19h35

A ideia de que vivemos em uma espécie de Matrix – ou, quem sabe, dentro de um episódio da série Rick and Morty – ganhou destaque pela primeira vez em 2003. O artigo publicado pelo filósofo Nick Bostrom, que defendia a possibilidade de nossa realidade ser uma simulação, motivou vários debates e serviu para embasar discursos de personalidades importantes. Estão na lista, por exemplo, o astrofísico Neil Degrasse Tyson – que disse que as chances disso ser verdade eram muito altas – e o empresário Elon Musk, que afirmou estar quase certo de que sim, não somos nada além de personagens de um videogame ou conteúdo do HD de algum extraterrestre.

Esse pensamento circula, basicamente, pela crença de que uma raça superior, algum dia, poderia reunir conhecimento suficiente para alterar nossa concepção de real. Tudo graças a criação de computadores superpotentes, capazes de gerar realidades iguais a nossa – e fazer com que seres conscientes, como você e eu, acreditem nessa realidade criada especialmente para nós.

No entanto, um trabalho de físicos da Universidade de Oxford mostrou, mais uma vez, que a resposta para a pergunta “de onde viemos?” será sempre menos evidente do que supomos. Segundo os pesquisadores, não há chance alguma dessa ideia de simulação ser viável neste universo. Tudo pelo fato de que o computador capaz de simular nossa realidade simplesmente não poderia existir em condições quânticas normais.

A resposta se baseia em uma relação bastante lógica. A dupla de cientistas, primeiro, calculou o total informações relativas a existência de algumas centenas de elétrons em computador. Entram aqui características como sua velocidade, spin, posição no espaço e etc – todo o conteúdo necessário para descrever, como uma receita de bolo, a forma para se recriar a partícula. O total de conteúdo encontrado, segundo os pesquisadores, exigiria uma potência computacional que não poderia ser criada. “Só o armazenamento dos dados de 20 spins precisaria de 1 TB (terabyte) de memória RAM”, disse Dmitry Kovrizhin, co-autor do estudo, em entrevista ao site Seeker. Com essa informação, dá para estimar o total de espaço que estamos lidando.

Para conseguir memória para simular um universo inteiro seria necessário um número absurdamente gigantesco de átomos – maior, em número, que o total de átomos estimado em todo o universo. Ou seja: nem se toda a matéria do universo fosse mobilizada para a tarefa esse objetivo seria alcançado.

A descoberta se relaciona com a existência do “efeito Hall”, que explica que uma simulação se torna exponencialmente mais difícil de acordo com a quantidade de partículas. Como todas podem interagir entre si, “cada nova partícula dobra o número de processadores, memória e etc., o que torna a tarefa intangível”, escreveram, no estudo. Se um punhado de elétrons já dá todo esse trabalho, agora pare para pensar em simular as células que os abrigam. E os tecidos dessas células. E os humanos, donos desses tecidos. E todo ambiente em que eles vivem, com cada detalhe. Sim, a conta vai longe – e, com precisão matemática, reforça nossa insignificância perante um universo infinito.

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