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Nanopartículas estimulam chuva na Amazônia

Nova pesquisa muda o entendimento sobre o ciclo de chuvas na floresta.

Por Maria Clara Rossini
30 dez 2024, 10h00

Um esudo feito por cienistas da USP com pesquisadores alemães e suecos revelou que a Floresta Amazônica produz nanopartículas que ficam flutuando sobre o topo das árvores.

Elas são o resultado de uma reação química entre os terpenos (compostos voláteis liberados pelas árvores) com o ozônio da atmosfera – e estimulam a formação de nuvens. A chuva, por sua vez, contribui para a geração dessas mesmas partículas, num processo de realimentação que ajuda a controlar o clima amazônico.

A pesquisa (1) usou dados do Observatório de Torre Alta da Amazônia (ATTO), com sensores a 60 m e 300 m da superfície – isso permitiu comparar os aerossóis em diferentes altitudes. O professor da USP e autor do estudo Luiz Machado explica como a descoberta muda nossa compreensão sobre o ciclo de chuvas na Amazônia.

Como as nanopartículas influenciam a formação de chuvas?
Sabe em noites frias, quando você vê o orvalho no carro? Ele só se forma porque a umidade encontra o vidro. Do mesmo modo, para gerar uma gota de chuva na natureza é necessário ter uma partícula existente na atmosfera.

Isso condensa a água, que vira uma gota de nuvem, e depois chuva. Essas partículas são produzidas pelo homem, e estão na poluição do ar. Como a Amazônia é uma região de atmosfera limpa, muita gente dizia que ela não tinha essas partículas.

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Acreditava-se que as partículas para a formação de chuvas vinham de camadas superiores da atmosfera.

Como a pesquisa muda esse entendimento?
O novo artigo mostra que a própria Amazônia fabrica as partículas, a partir dos gases emitidos pela floresta. São os chamados compostos voláteis orgânicos (VOCs), responsáveis pelo cheiro das plantas.

Para que esse gás vire partícula, as moléculas precisam ficar todas juntas, um processo de oxidação. A gente descobriu que a chuva não traz novas partículas para a floresta, e sim ozônio. Esse ozônio oxida os VOCs e forma as partículas naturalmente.

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Foi uma quebra de paradigma ao mostrar que a floresta é autossuficiente para produzir seu particulado e gerar chuva.

De que forma esses resultados poderão ser usados em outras pesquisas?
Existem modelos desenvolvidos para representar a floresta, as chuvas e como o clima vai mudar [com o aquecimento global]. Os modelos do futuro devem incluir essa formação de particulados, para ter uma representação mais fiel desse processo.

Teremos respostas diferentes, e o quanto isso será importante a gente ainda não sabe.

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Fonte 1. “Frequent rainfall-induced new particle formation within the canopy in the Amazon rainforest”, L Machado e outros, 2024;

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