Megalodonte era três vezes maior que tubarão branco, revela pesquisa
A barbatana desse extinto predador marinho tinha o tamanho de um ser humano adulto, e sua cabeça media o equivalente a um carro, segundo um novo estudo.
O tubarão-branco (Carcharodon carcharias) é um dos maiores peixes existentes, com algumas fêmeas ultrapassando os 6 metros de comprimento. Por seu tamanho, o predador ganhou fama no imaginário popular como um caçador voraz, eternizado em obras como o filme Tubarão, de Steven Spielberg. Mas o tubarão-branco nem se compara com seu ancestral pré-histórico: pela primeira vez, cientistas calcularam o tamanho do megalodonte (Otodus megalodon), um enorme tubarão que aterrorizava os mares há milhões de anos – e chegava a 18 metros de comprimento.
O estudo, publicado na revista Scientific Reports, reconstruiu um modelo em 2D do extinto tubarão através de registros fósseis e comparações anatômicas com seus parentes ainda vivos. Anteriormente, estimativas do comprimento do megalodonte já haviam sido feitas, principalmente através de fósseis dos seus dentes (que têm o tamanho de uma mão humana), e chegaram a conclusões muito próximas do novo estudo: algo entre 16 e 18 metros.
Mas a nova equipe de cientistas britânicos conseguiu mais detalhes sobre as proporções desse animal, e eles são tão impressionantes quanto o seu tamanho total. Só de cabeça, por exemplo, um megalodonte padrão deveria ter 4,65 metros – o equivalente a um carro grande. A barbatana dorsal do bicho (aquela que fica visível para fora da água) media cerca de 1,62 metro, comparável a um ser humano. Já a cauda chegava a medir 3,85 metros.
O megalodonte, também chamado de megalodon, existiu entre 23 milhões de anos atrás até 2 milhões de anos atrás, segundo estimativas. Na época, era provavelmente o predador-mor das águas quentes que habitava, e sua extinção impactou o ecossistema como um todo. Apesar de ser conhecido por suas proporções aterrorizantes e ter protagonizado o filme hollywoodiano The Meg em 2018, a verdade é que poucos estudos conclusivos foram feitos sobre ele, porque poucos fósseis foram encontrados, já que o animal tem um esqueleto macio de cartilagem, que dificilmente se preserva, e não de ossos.
Os cientistas nem sequer chegaram a um consenso sobre a qual gênero o animal pertence. Anteriormente, era comum classificá-lo no gênero Carcharocles, acreditando que ele é um ancestral quase direto do atual tubarão-branco. Mas uma tendência mais recente, na qual o novo estudo se insere, classifica o animal no gênero Otodus. Em suas análises, os pesquisadores compararam as proporções do megalodonte com cinco espécies atuais – isso porque, conforme explicam, a ideia de que o megalodonte é uma espécie de avô do tubarão-branco é equivocada: ele de fato tem parentesco com o predador atual, mas também possui laços na mesma proporção com outros tubarões contemporâneos, como o tubarão-mako e o tubarão-salmão.
Foi através dessas espécies que a equipe estimou uma curva de crescimento para o megalodonte, capaz de estabelecer uma relação entre seus dentes com o resto do corpo. Para o predador pré-histórico, assim como para a maioria dos tubarões, essa curva é bastante linear, o que significa que o corpo todo cresce nas mesmas proporções ao longo da vida do tubarão. É diferente, por exemplo, de um humano, em que os membros crescem muito mais do que a cabeça. Isso abriu portas para que os cientistas estimassem não só o tamanho total do peixe, mas também de cada componente de seu corpo.
“Sempre fui louco por tubarões”, conta o paleontólogo Jack Cooper, autor do novo estudo, em comunicado. “Como estudante de graduação, trabalhei e mergulhei com tubarões-brancos na África do Sul – protegido por uma gaiola de aço, é claro. É essa sensação de perigo, mas também o fato de os tubarões serem animais tão bonitos e bem adaptados, que os torna tão atraentes.”
“O megalodonte foi o primeiro animal que me inspirou a estudar paleontologia com apenas seis anos de idade, então eu estava muito feliz de ter a chance de estudá-lo. Essa pesquisa sempre foi o projeto dos meus sonhos, mas estudar o animal inteiro é difícil, considerando que tudo o que realmente temos são muitos dentes isolados.”