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Mecânico australiano ajudou a descobrir 4 exoplanetas

Não é preciso ser cientista para fazer ciência. E Andrew Grey é prova viva disso

Por Guilherme Eler
10 abr 2017, 17h43

A importância dos quatro novos exoplanetas encontrados na constelação de Aquário, na semana passada, é pequena se olharmos só para os números. Isso porque astrônomos de todo o mundo, que trabalham na tarefa de vasculhar o espaço à procura de novos planetas, já confirmaram a existência de milhares deles. No entanto, o valor da descoberta cresce se considerarmos quem foi responsável por ela: um grupo de amadores. Sim, humanos não-cientistas como eu e você.

Entre eles, está o mecânico australiano Andrew Grey. Espectador do programa de divulgação científica Stargazing Live, da emissora local ABC, Grey aceitou o desafio proposto durante um episódio e iniciou uma caçada por novos exoplanetas – planetas que orbitam estrelas distantes, mas que ainda estão em nossa Via Láctea. Para isso, ele se utilizou do Exoplanet Explorers, site que disponibiliza dados de mais de 100 mil estrelas – coletados do telescópio Kepler, da Nasa.

A principal maneira de se identificar planetas é observar o comportamento da luz que grandes estrelas emitem. Variações de luminosidade podem indicar a presença de planetas orbitando esses astros. Orientando-se por essas informações, Grey checou cerca de mil estrelas em apenas uma noite, até descobrir as diferenças de luminosidade que caracterizavam os exoplanetas descobertos. “Estou muito feliz de ter contribuído. É uma sensação muito boa”, disse, em entrevista ao programa australiano.

Como o mecânico, vários outros cientistas amadores se lançaram na missão, explica Chris Lintott, um dos responsáveis pela plataforma Zooniverse, portal de ciência que abarca o projeto Exoplanet Explorers. Segundo ele, 48 horas depois do Stargazing Live ter divulgado a iniciativa, dezenas de candidatos a exoplanetas foram descobertos – além dos quatro cuja procedência foi efetivamente comprovada. Eles têm, em média, duas vezes o tamanho da Terra, e estão bem próximos da estrela que orbitam – mais perto do que Mercúrio está do nosso Sol.

Localizados a cerca de 600 anos-luz da gente, os novos exoplanetas não têm a menor chance de abrigar vida da forma como conhecemos, afirmou Lintott à ABC. O que não impede os cientistas de estudar suas propriedades físicas, como atmosfera, densidade e solo, e mapear distâncias espaciais cada vez maiores.

A descoberta de novos sistemas exoplanetários, como o Trappist-1, anunciado no fim de fevereiro, alimenta a necessidade humana de encontrar outras Terras – ou planetas minimamente favoráveis à vida, pelo menos. Ainda que as perspectivas de colonização ainda não sejam nada animadoras, cada nova grande esfera rochosa catalogada, por mais distante e inóspita que seja, parece diminuir nossa impotência ante um Universo infinito.

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