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Manto de gelo da Groenlândia está quebrando mais rápido do que nunca

Novo estudo mostra que, em cinco anos, as fendas nas geleiras aumentaram significativamente. Entenda as consequências para o planeta.

Por Manuela Mourão
5 fev 2025, 12h00

Desde a Revolução Industrial, a Terra esquentou 1,5°C (o recorde foi batido ano passado, em 2024). Essa é a média do planeta – alguns lugares sentem mais os efeitos do aquecimento do que outros. O Ártico, por exemplo, aquece pelo menos quatro vezes mais rápido que a média global.

E já é possível observar as consequências do quentinho extra. Um novo estudo, publicado na Nature Geoscience, mostrou que o manto de gelo da Groenlândia está se quebrando em fissuras em uma velocidade bem mais acelerada que o esperado.  

O planeta Terra tem dois enormes mantos de gelo: o da Groenlândia e o da Antártica. São reservas congeladas de água doce com mais de 50 mil quilômetros quadrados. Essas camadas se formam com o assentamento da neve que nunca derrete – em vez disso, é comprimida pela massa das camadas mais recentes.

Em alguns desses lugares, com o ar mais aquecido, a neve do topo vira água. O líquido lubrifica a camada de gelo e, assim, o derretimento flui mais rapidamente para o oceano.

Esse processo produz canais de fluxos de gelo e lagos supraglaciares, que com o tempo geram fendas superficiais na geleira. Esses lagos podem fornecer água quente às bases glaciais e facilitar o movimento delas.

À medida que o gelo flui gradualmente para fora do planalto central, que é o ponto mais alto da camada, esses blocos se movimentam. “Enquanto isso, onde o gelo encontra o mar, as fendas formam as fraturas iniciais das quais os icebergs podem se romper, aumentando a saída de icebergs para o oceano”, explica Tom Chudley, autor do estudo, para o site The Conversation.

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Imagens das rachaduras.
(Tom Chudley/Universidade de Durham/Reprodução)
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De acordo com a Nasa, as fissuras superficiais no manto da Groenlândia são uma grande fonte de incerteza nos processos que controlam a perda de massa de gelo. Até aqui, poucas observações abrangentes da sua localização e evolução ao longo do tempo foram feitas.

O novo artigo vem para mudar isso. Por meio de mapas tridimensionais de superfícies feitas com imagens de satélites, a pesquisa analisou a evolução das fissuras entre 2016 e 2021. Os resultados mostram que as fendas aumentaram significativamente em tamanho e em profundidade, num ritmo mais rápido do que o detectado até então.

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Imagem das profundidades das fendas na cabeceira do fiorde Anorituup Kangerlua.
(Tom Chudley/Universidade de Durham/Reprodução)

“A maior surpresa foi a rapidez com que isso estava acontecendo. Um estudo anterior mostrou mudanças ao longo de décadas e agora estamos mostrando isso acontecendo em escalas de cinco anos,”  disse Chudley ao jornal The Guardian.

Cortesia do aquecimento global

Nos últimos 40 anos, o aquecimento dos oceanos quadruplicou, e não há previsão de que isso vai parar. O Ártico pode esperar seu primeiro dia sem gelo nos mares antes de 2030.

Como se tudo isso não fosse suficiente, existe uma outra preocupação diretamente ligada com o derretimento polar: o aumento do nível do mar.

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O novo estudo nota que, desde 1992, a Groenlândia já sofre com 14mm de crescimento desse nível. A razão? O aumento do derretimento de geleiras e o aumento do fluxo de gelo no oceano, ambos causados pelo crescente de temperatura. 

Entre 2002 e 2023, os mantos da Antártica e da Groenlândia derramaram gelo suficiente para elevar o nível do mar em aproximadamente 1,2 mm por ano. O número pode parecer pouco, mas para cada 1 cm (10 mm) aumentado no nível dos oceanos, seis milhões de pessoas podem ficar expostas a inundações costeiras.

“Essas são coisas relacionadas com o movimento e a aceleração do glaciar… essas instabilidades estão causando potencialmente até um metro de elevação do nível do mar até 2100, e 10 metros até 2300”, disse o autor da pesquisa no Guardian.

Por isso, Chudley espera que seu estudo comece a contribuir para outras pesquisas, com o objetivo projetar melhor esse aumento.“Precisamos ser mais capazes de estimar a subida do nível do mar, porque precisamos de ser capazes de planejar, mitigar e nos adaptar à essa nova realidade ao longo dos próximos três séculos.”

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