Inteligência artificial é usada para detectar tráfico de animais
Cientistas da Austrália treinaram um algoritmo para reconhecer modelos digitais em 3D e identificar bichos contrabandeados em pacotes.
Pesquisadoras australianas desenvolveram uma nova possibilidade de controle de tráfico de animais. Em seu estudo, elas descrevem como usam de inteligência artificial e “tomografias em tempo real” para identificar contrabandos em linhas de frente internacionais, como centros postais e aeroportos.
A pesquisa documenta várias espécies da vida selvagem com a técnica de imagem da “tomografia em tempo real” para construir uma base de dados para um algoritmo. As cientistas usaram uma série de raios X para digitalizar um animal, produzindo uma imagem tridimensional dele – que era usada para treinar a inteligência artificial. Dessa forma, ao escanear uma mala ou pacote, o algoritmo alertará a infração.
Foram usadas um total de 294 varreduras de 13 espécies de lagartos, pássaros e peixes para desenvolver a inteligência artificial, com uma taxa de detecção de 82% e alarme falso em apenas 1,6% das vezes.
Atualmente, a inspeção do tráfico de vida selvagem depende da detecção humana. A nova ferramenta foi projetada para complementar essas medidas, e tornar os esforços de controle das fronteiras mais eficientes.
De acordo com as pesquisadoras, os traficantes podem frequentemente adaptar seus comportamentos para fugir das autoridades. Sendo assim, soluções inovadoras e adaptáveis têm um papel crucial no apoio às técnicas de detecção existentes.
“Qualquer esforço para acabar com essa atividade terrível é um passo na direção certa, e o potencial de detecção 3D nos permite adaptar e evoluir com a forma como os traficantes podem mudar seus comportamentos”, escrevem ao site de divulgação científica The Conversation.
O contrabando de espécies ocorre nas duas direções: animais como cobras, tartarugas e peixes também são trazidos para a Austrália. O que pode atrapalhar as indústrias agrícolas do país ao introduzir pragas e doenças. Além disso, a introdução de espécies invasoras pode ameaçar os frágeis ecossistemas nativos.
“Isso traz riscos significativos de biossegurança”, afirmam as pesquisadoras. A propagação de zoonoses, por exemplo, envolve fundamentalmente o contágio de um humano por um animal, e os riscos são maiores para “pessoas que lidam com animais selvagens estressados”, como acontece com espécimes contrabandeadas.
Além de claros maus-tratos aos animais, doenças estrangeiras podem entrar de penetra no país, e espécies invasoras costumam bagunçar o equilíbrio do ecossistema. As cientistas acreditam que essa nova ferramenta será uma soma importante ao arsenal australiano contra essa indústria “cruel e desumana”.