Humanos conseguem discernir a emoção de uma galinha pelo cacarejo
Mesmo sem experiência cuidando de galinhas, sua capacidade de saber do bem-estar delas só pelo barulho que fazem é mais de 50%.
Já escutou um animal fazendo barulho e teve a impressão de que ele estava incomodado? Um estudo da Universidade de Queensland, na Austrália, descobriu que, pelo menos para galinhas, essas impressões tendem a ser corretas.
Os pesquisadores queriam saber se os humanos conseguiam identificar corretamente o contexto dos cacarejos feitos por galinhas domésticas. Eles separaram oito gravações de dois tipos: galinhas em antecipação ao alimento, e galinhas com fome.
Eles tocaram esses áudios curtos, com média de 6 segundos, para 165 voluntários. O objetivo era testar se os humanos conseguiam distinguir o contexto dos sons emitidos pelos animais. A pesquisa foi publicada na Royal Society Open Science.
“Descobrimos que 69% dos participantes conseguiam dizer corretamente se uma galinha parecia empolgada ou descontente”, afirma Joerg Henning, um dos autores do estudo. “Este é um resultado notável e reforça ainda mais as evidências de que os humanos têm a capacidade de perceber o contexto emocional das vocalizações feitas por diferentes espécies.”
Ter tido experiência com galinhas anteriormente não influenciou nos resultados individuais.
Algo que influenciou, ao menos levemente, foi a idade dos participantes. Os mais velhos tendiam a confundir os chamados mais neutros com emoções positivas. Além disso, quando os cacarejos eram positivos, eles atribuíam um nível de empolgação da galinha com o ocorrido muito mais alto do que os jovens faziam. Segundo os pesquisadores, essa diferença talvez tenha a ver com princípios de perda auditiva nesses voluntários.
A capacidade de detectar as emoções das galinhas pelos cacarejos pode ajudar a melhorar o bem-estar das aves. Além de dar confiança de que os envolvidos na criação podem identificar esses estados, os pesquisadores imaginam que, com pesquisas futuras, seja possível isolar os sinais acústicos específicos de cada cacarejo e criar um sistema de monitoramento.
“Isso permitiria o desenvolvimento de avaliações automáticas de bem-estar nos sistemas de manejo avícola”, afirma Henning. “O que poderia melhorar a gestão dos frangos, ao mesmo tempo que ajudaria os consumidores conscientes a tomarem decisões de compra mais informadas”.