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Ação humana causa câncer em animais selvagens

Algumas alterações que provocamos no meio ambiente tão profundas que aumentam o risco de câncer em animais que pareciam estar a salvo de nossa influência

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 25 Maio 2018, 17h27 - Publicado em 25 Maio 2018, 16h23

Cigarro, álcool, e determinados alimentos industrializados contém substâncias que aumentam o risco de um ser humano ter câncer. Na literatura médica, essas substâncias são chamadas de “oncogênicas”. Mas será que, da perspectiva dos outros animais, o ser humano é um animal oncogênico? É exatamente isso que afirma um artigo científico publicado nesta semana por pesquisadores da Universidade do Estado do Arizona.

“Alguns vírus podem causar câncer em humanos. Esses vírus alteram o ambiente em que vivem – no caso, as células humanas – para torná-lo mais adequado a eles”, diz Tuul Sepp, um dos participantes do estudo, em comunicado oficial. “O ser humano está mudando o meio ambiente da mesma maneira que os vírus fazem com as células. Essas mudanças estão tendo um impacto negativo em muitas espécies – incluindo a possibilidade delas desenvolverem câncer.”

É claro que é mais fácil entender esse impacto pensando em animais que habitam lugares afetados diretamente pela atividade humana – como, por exemplo, um peixe cujo lago tenha sido contaminado por resíduos industriais tóxicos. Mas essa é só a abordagem mais óbvia, que de fato é adotada pela maior parte das pesquisas dedicadas ao assunto. No novo trabalho, Sepp e seus colegas focam em consequência secundárias, menos perceptíveis, da ação do Homo sapiens. Entraram na conta acúmulo de microplásticos em ambientes terrestres e aquáticos, liberação acidental de radiação na atmosfera por usinas nucleares e até poluição luminosa (lugares que antes eram completamente escuros em um dado período do dia hoje não são mais, o que prejudica a rotina de alguns bichos).

Tudo isso tem potencial para aumentar, em certa medida, a incidência de câncer em animais selvagens. Segundo Sepp, o próximo passo é ir a campo e verificar essa incidência em números. “Agora estamos tentando desenvolver biomarcadores para poder estudar isso mais detalhadamente. Será interessante comparar a prevalência de câncer em animais selvagens que vivem em ambientes diretamente contaminados por humanos em relação aos que vivem áreas mais preservadas”. Talvez Sepp volte com más notícias – e nós tenhamos deixado cicatrizes irreparáveis mesmo em habitats que pensávamos estar livres de nossa influência. 

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