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Hominídeos podem ter chegado à Europa 500 mil anos antes do que se acreditava

Análise de marcas de corte em ossos de animais sugerem uma dispersão precoce para a Eurásia.

Por Manuela Mourão
29 jan 2025, 18h00

Grăunceanu, parte da Formação Tetoiu na Romênia, foi palco para uma descoberta que pode reescrever a cronologia dos hominídeos em território europeu. 

Pesquisadores do Departamento de Sociologia e Antropologia da Universidade de Ohio encontraram evidências de que hominídeos estiveram naquele lugar há pelo menos 1,95 milhões de anos. A descoberta confirma o sítio Grăunceanu como o local mais antigo com atividade de hominídeos na Europa, ampliando em 500 mil anos o que se acreditava até então.

O momento eureka veio por meio da análise de restos de animais do sítio. Os pesquisadores identificaram marcas de corte em ossos que indicam atividades de abate realizadas por hominíneos. Foram examinadas 4.524 espécimes de animais, mas só 20 ossos tinham modificações superficiais – sendo sete deles com marcas de corte de alta confiabilidade. As marcas, observadas em tíbias e mandíbulas de animais, apresentavam trajetórias retas e transversais, típicas de despelamento.

Imagem selecionada de espécime marcado por corte de alta confiança do conjunto do Vale do Rio Olteţ.
(Curran, SC, Drăgușin, V., Pobiner, B. et al. Presença de hominídeos na Eurásia há pelo menos 1,95 milhões de anos. Nat Commun 16 , 836 (2025)./Reprodução)

A análise confirmou que as marcas eram de origem humana, diferenciando-as de danos causados por carnívoros, pisoteio ou escavação. Os resultados foram publicados na Nature Communications

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Sete amostras de dentes encontradas no sítio de Grăunceanu e duas de sítios próximos foram datadas com alta precisão usando a técnica de ablação a laser, resultando em idades mínimas de deposição de mais ou menos 1,95 milhões de anos. 

Imagem selecionada de espécime marcado por corte de alta confiança do conjunto do Vale do Rio Olteţ.
(Curran, SC, Drăgușin, V., Pobiner, B. et al. Presença de hominídeos na Eurásia há pelo menos 1,95 milhões de anos. Nat Commun 16 , 836 (2025)./Reprodução)

Como era a vida desses hominídeos?

Análises do oxigênio e carbono de um molar de cavalo ajudaram a reconstruir padrões sazonais de temperatura e precipitação no local, indicando que aquele ambiente um dia foi predominantemente composto de floresta-estepes e com chuvas mais altas do que as atuais. 

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As temperaturas moderadas foram, de acordo com os pesquisadores, favoráveis à dispersão dos hominídeos. Restos de fauna, como avestruz, pangolim e um macaco europeu extinto sugerem invernos relativamente amenos, apesar da posição de latitude média do sítio, e que os indivíduos possam ter aproveitado de períodos interglaciais para explorar ambientes sazonais e temperados.

Imagem selecionada de espécime marcado por corte de alta confiança do conjunto do Vale do Rio Olteţ.
(Curran, SC, Drăgușin, V., Pobiner, B. et al. Presença de hominídeos na Eurásia há pelo menos 1,95 milhões de anos. Nat Commun 16 , 836 (2025)./Reprodução)

Grăunceanu fornece evidências de atividade hominídea no leste da Europa Central, antecipando a presença humana na região e sugerindo uma dispersão mais precoce para a Eurásia. Assim, nova descoberta desafia a hipótese anterior de que os hominíneos se estabeleceram primeiro na Geórgia, indicando que provavelmente exploraram uma gama mais ampla de ambientes muito tempo antes.

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