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Hipótese de 1958 sobre vitamina B1 finalmente é confirmada

Há quase 70 anos, Ronald Braslow propôs que a vitamina podia se converter em um carbeno para realizar certas incumbências bioquímicas. O problema: carbenos são instáveis na água. Ou eram, até agora.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
28 abr 2025, 14h00

Era uma vez o carbeno. Veja bem: não é “carbono”, é “carbeno”, mesmo.

Um átomo de carbono tem seis prótons, via de regra. Os prótons são as partículas de carga elétrica positiva que ficam no núcleo dos átomos.

É o número de prótons que define a qual elemento o átomo pertence: um carbono com sete prótons, por exemplo, deixa de ser um carbono e se torna um nitrogênio. Crise de identidade.

Ao redor dos prótons no núcleo, ficam os elétrons, partículas bem mais insubstanciais, com massa insignificante e carga elétrica negativa.

Elétrons têm a particularidade de se organizar em camadas, como as fileiras de cadeiras numeradas em um teatro.

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O grupinho mais externo de elétrons, chamado “camada de valência”, precisa seguir algo chamado regra do octeto: deve haver oito elétrons ali. Caso contrário, o átomo se torna instável, extremamente reativo. Fica procurando outros átomos que possam emprestar os elétrons faltantes.

Um carbeno, portanto, é qualquer molécula que contém um carbono com seis elétrons na camada de valência. O caberno mais básico, formado por um átomo de carbono e dois de hidrogênio, costuma ser chamado de metileno.

Há muitas outras moléculas maiores que o metileno que são classificadas como carbenos, porém. É como se o carbeno fosse uma etiqueta: adicione o dito-cujo a uma molécula e ela passa a pertecencer a essa categoria.

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Em 1958, um químico das Universidade Columbia chamado Ronald Breslow propôs que a vitamina B1 se converte em um carbeno para realizar certas tarefinhas bioquímicas úteis para o funcionamento do nosso organismo.

O problema: carbenos são especialmente instáveis dentro da água, e nosso organismo é 60% água. Daí o entuasiasmo dos químicos com uma descoberta recém-publicada no prestigioso periódico especializado Science. 

Uma equipe da Universidade da Califórnia em Riverside conseguiu gerar, pela primeira vez, um carbeno estável na água – tão estável que durou meses e houve tempo de estudá-lo usando várias técnicas de laboratório, como espectroscopia e cristalografia de raios X. 

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Vincent Lavallo, porta-voz do estudo, explicou em declaração à imprensa: “É a primeira vez que qualquer observa um carbeno estável na água. Pensava-se que Breslow estava errado, mas calhou que ele acertou.”

Além de confirmar uma hipótese antiga, a descoberta tem implicações práticas.

Os carbenos são importantes na produção de fármacos, combustíveis e outros materiais. Como eles podem entrar em contato com a água, o jeito é usar outros solventes orgânicos – em geral, tóxicos e danosos para o meio-ambiente.

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O método dos pesquisadores de estabilizar carbenos em água pode ajudar a tornar essas reações mais limpas, menos dispendiosas e mais seguras.

“A água é o solvente ideal — é abundante, não tóxica e ecologicamente correta”, disse Varun Raviprolu, outro participante do estudo. “Se conseguirmos que esses poderosos catalisadores funcionem na água, será um grande passo em direção a uma química mais sustentável.”

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