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Gatos sempre conseguem encontrar o caminho de volta para casa?

Nos EUA, um gatinho caminhou 1.200 quilômetros – o equivalente à distância entre Curitiba e Goiânia – para voltar para casa. Como isso é possível?

Por Bela Lobato
31 out 2024, 19h00

Pesquisas apontam que cerca de 15% dos donos de gatos irão perdê-los em algum momento da vida. Embora 3 em cada 4 sumiços sejam resolvidos com os bichanos sendo encontrados a menos de 500 metros de casa, os felinos também conseguem fazer longas jornadas – e, mais surpreendente ainda, conseguem retornar.

Os gatos são conhecidos por sua independência e a excelente capacidade de orientação. Um caso recente nos Estados Unidos levou essa capacidade ao extremo: o gato Rayne Beau perdeu-se durante uma viagem com os donos e caminhou 1.257 quilômetros ao longo de dois meses para voltar para casa.

Entre o Parque Nacional de Yellowstone e a cidade de Roseville, na Califórnia, o gato andou o equivalente à distância entre Curitiba e Goiânia. Quando foi encontrado, ainda estava cerca de 300 quilômetros distante de casa, fraco demais para continuar a jornada.

Mas o que permite que gatos façam viagens tão longas e encontrem o caminho de volta para casa? Especialistas explicam que, além do olfato apurado, os felinos têm uma forte ligação com seu território, que demarcam com feromônios. Essas substâncias químicas indicam para eles o local seguro e são deixadas no ambiente de várias formas.

Uma delas é por meio de esfregadas que dão com o rosto nas coisas e pessoas. Isso demarca o território com marcas invisíveis, reconhecíveis apenas pelo olfato, indicando a si mesmos e a outros animais que aquele território os pertence.

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Rayne Beau não é o primeiro a percorrer distâncias extraordinárias. Há relatos de gatos que se perderam e voltaram para casa dias, meses e até anos depois. Essa capacidade, chamada instinto de retorno, varia entre os gatos.

Ao contrário dos cães, gatos não buscam apenas os donos, mas o próprio território, onde sentem segurança. Para eles, o lar é onde têm alimentação e proteção, e essa ligação é ainda mais forte do que o vínculo com os humanos.

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Há quem sugira que os felinos podem ser capazes de se guiar através do campo magnético da Terra, assim como vários outros animais. É assim que os pombos-correio sempre sabem como voltar para onde nasceram, por exemplo. Entre os mamíferos, a habilidade está presente em alguns roedores, morcegos e na raposa-vermelha. 

Quando essas raposas predam pequenos roedores em locais de baixa visibilidade, elas atacam usando um salto alto específico. Um estudo que analisou 592 saltos de 84 raposas constatou que, quando elas estão posicionadas para a direção nordeste da bússola, a taxa de sucesso do ataque é de 74%, contra 15% quando viradas para o sul.

Um estudo de 2020 aponta que essa estratégia de orientação geralmente não é a preferida dos animais que a possuem, mas que é mantida porque pode ser utilizada em último caso. “O campo magnético da Terra parece ser mais difundido e confiável do que quase qualquer outra pista de navegação”, escrevem os autores. “Apesar das possíveis limitações, a magnetorecepção pode ser mantida pela seleção natural porque o campo geomagnético é, às vezes, a única fonte de informações direcionais e/ou posicionais disponíveis.”

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Não é impossível que os gatos consigam se orientar usando o campo magnético da Terra, mas ainda faltam evidências para concluir isso. Segundo um estudo, um dos obstáculos para experimentos que colocam essa habilidade à prova é a necessidade de remoção e movimentação dos animais, que esbarra em questões éticas e logísticas.

A aventura de Rayne Beau é impressionante, e é um lembrete para os donos de gatos sobre a importância de medidas de segurança, como a microchipagem, a instalação de telas nas janelas e uso de colares com identificação. Apesar de exploradores, os felinos também são apegados ao seus lares. Mantenha-os dentro deles.

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