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Furacão Milton: entenda como funciona a classificação de furacões

O furacão que ameaça cidades da Flórida chegou no nível máximo de força, o 5 – e pode piorar.

Por Manuela Mourão
Atualizado em 10 out 2024, 10h19 - Publicado em 9 out 2024, 18h00

Nesta segunda-feira (7), o furacão Milton ganhou, em um pouco mais de quatro horas, uma força explosiva, de acordo com o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, do inglês). A previsão é que Milton chegue à costa da Flórida hoje (9), pela parte da noite. Segundo Joe Biden, presidente dos EUA, o furacão “pode ser um dos piores dos piores dos últimos 100 anos na região”.

O fenômeno pulou da categoria 2 para a 5 (máxima escala registrada até hoje), e, de acordo com o NHC, tem um ‘alto potencial destrutivo’. Ele toca o solo americano menos de duas semanas depois que o furacão Helene, de categoria 4, passar pelo estado, deixando grandes inundações, destruição e 277 mortos. 

Comparado aos últimos oito anos, o governo local pretende realizar a maior evacuação desde o furacão Irma em 2017. Portos e aeroportos fecharam na terça (8) e longos trechos de trânsito foram observados na Interstate 75, saída de Tampa que leva ao norte do estado. A Disney também fechou seus portões, marcando a sexta vez que isso acontece – as mais recentes sendo 2020 por causa do coronavírus e 2022 com o furacão Ian. 

Nesta manhã, Milton passou perto da península Yucatán, ao norte do México, e a previsão é que ventos fortes e ondas altas sejam vistas como resultado. Ele segue caminho rumo à Baía de Tampa, e o Centro Nacional de Furacões espera que ele perca força quando atingir a região – que não sente os impactos diretos de um furacão há mais de 100 anos. Porém, existe a possibilidade que Milton não enfraqueça e mantenha toda sua potência em direção ao Oceano Atlântico. Até a última atualização, ele havia perdido força e estava oscilando entre as categorias 3 e 4.

Imagem da projeção indicando o caminho do furacão Beryl pelo Caribe
(NOAA/Reprodução)

A tempestade teve uma mudança de categoria tão rápida, rara e drástica que assustou meteorologistas, que inicialmente previam que o fenômeno só alcançaria a categoria 3. Especialistas explicam que um dos motivos que fortaleceram o furacão em tamanha velocidade foi seu olho, que, por ser muito pequeno é chamado de “olho de alfinete”. E isso é terrível. 

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O problema com furacões de “olhos de alfinete”, explica o meteorologista Payton Malone, é que ” quanto menor eles [o olho do furacão] forem, mais rápido eles podem subir e descer em intensidade”, declarou ao portal norte-americano Nola, de Nova Orleans. 

O Golfo do México é outro responsável pelo crescimento rápido de Milton. A área, por estar excepcionalmente quente, age como um combustível para furacões. 

O que é um furacão e como se formam?

Furacões são ciclones tropicais que se formam no Oceano Atlântico e no Nordeste do Pacífico. Em outras regiões, esses eventos climáticos recebem nomes diferentes, como tufões ou ciclones. Eles surgem em águas quentes próximas à Linha do Equador, onde o ar quente e úmido é essencial. 

O processo de formação começa com a evaporação da água, que se condensa em nuvens, liberando calor e fazendo o ar subir. Isso gera um padrão de vento que circula ao redor de um centro, formando uma perturbação tropical. À medida que essa perturbação cresce, a diferença de temperatura entre o ar quente nas nuvens e o ar mais frio acima causa uma diminuição da pressão, fazendo os ventos se intensificarem.

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Quando os ventos alcançam 40 km/h, a perturbação se torna uma depressão tropical. Se os ventos atingem 62 km/h, é classificado como tempestade tropical, e nesse momento ganham um nome (como Milton e Katrina). Finalmente, se os ventos superam 119 km/h, é oficialmente um furacão, caracterizado por um sistema de nuvens que se estende por pelo menos 200 km e atinge alturas de 15 km. Os furacões são empurrados pelos ventos predominantes, causando elevações na água e grandes ondas ao se aproximarem da costa.

Os ventos que sopram do oeste para o leste levam o furacão em direção ao Caribe, depois ao Golfo do México, passando pelo Sul dos Estados Unidos (bem ali na Flórida) e vai em direção ao Atlântico, onde ainda pode devastar algumas ilhas das Bahamas.  

Classificação de furacões

Milton surpreende os especialistas pois em menos de 24 horas ganhou força suficiente para sair da categoria 1 e ir direto para a categoria 5, respectivamente a mais fraca e mais forte da escala, enquanto a previsão era que saindo do Golfo do México a tempestade reduziria ao nível 3. 

A categoria de um furacão é medida a partir da escala Saffir-Simpson, que calcula a velocidade média do vento mais forte no espaço de um minuto e estima dessa maneira sua capacidade de destruição. 

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A primeira categoria, é considerada a “mais leve”. Furacões classificados como nível 1 têm seus ventos entre 119 e 153 km/h, e segundo o NHC, podem causar prejuízos a telhados, telhas e calhas. Afetam também árvores, podendo derrubá-las caso tenham raízes superficiais. 

No nível 2,  os ventos são registrados entre 154 e 177 km/h e podem resultar em danos em janelas, portas e telhados de edifícios. 

A partir da categoria 3, as tempestades são consideradas “grandes”, e é quando os riscos de altas destruições e mortes aparecem. No terceiro caso, os ventos podem variar entre 178 e 208 km/h, e já podem devastar cidades, destruindo de deques a postes de rua. O furacão Katrina alcançou a Flórida como nível 3. 

A categoria 4 tem ventos de 209 a 251 km/h, e já é mais assustadora. As áreas que sofrem por esse fenômeno podem ficar completamente destruídas por meses, como foi no caso do Helene, duas semanas atrás, que registrou derrubamentos de casas, desaparecimento de mais de mil pessoas, mortes, inundações e afetou cinco estados americanos.

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O mais apocalíptico seriam os furacões de nível 5, com ventos acima de 252 km/h. Aqui, telhados e paredes serão perdidos; postes e árvores derrubados; áreas residenciais serão isoladas, pela falta de energia e possivelmente falta de água e os efeitos podem se perdurar por meses. Além disso, apresenta fortes riscos para a vida.

Milton chegou a atingir essa última categoria, com ventos que chegaram a registrar 285 km/h. Seu diâmetro alcançou 700 km, com uma velocidade de 19 km/h e as tempestades esperadas são de 2,4 a 3,6 metros de altura. Alguns especialistas já falam em inaugurar uma nova classificação, inédita, a 6. No início deste ano, uma dupla de cientistas defendeu que a categoria 5 deveria ir até 309 km/h e que acima disso seriam considerados furacões de nível 6. 

Isso porque o aquecimento global resulta em águas bem mais quentes, que alimentam o fenômeno. E a tendência é que a força das tempestades cresça cerca de 8% a cada década. 

Já alguns analistas especulam que o furacão Milton deve atingir a Flórida com uma força menor, entre as categorias 3 e 4.

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