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Fósseis de 100 milhões de anos presos em pedaço de âmbar intrigam cientistas

Pesquisadores encontraram resina com surpreendente variedade de animais que viveram no período Cretáceo — e a história por trás dela é fascinante.

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 14 Maio 2019, 17h24 - Publicado em 14 Maio 2019, 17h18

De alguma maneira, dezenas de criaturas terrestres e aquáticas acabaram cristalizadas em um minúsculo pedacinho de âmbar – resina gerada a partir da seiva de árvores. Protegidos contra a ação do tempo, os fósseis dos animais que viveram no período Cretáceo, há cerca de 100 milhões de anos, resistiram ao passar das eras. E, recentemente, foram encontrados por uma equipe internacional de pesquisadores, que acaba de divulgar ao mundo a descoberta.

A amostra – de apenas 33 milímetros – contém um amonite, grupo de moluscos cefalópodes (mesma classe dos polvos e das lulas) extinto junto com os dinossauros. Eram detentores de belas conchas espirais.

 

No âmbar também há fósseis de lesmas-do-mar, de crustáceos do entremarés (área que só aparece na praia durante a maré baixa) e uma imensa variedade de artrópodes e insetos. Tem de tudo: ácaros, aranhas, centopeias, baratas, besouros, moscas e vespas. Uma mistura realmente impressionante.

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(PNAS/Reprodução)

Esse mix inusitado de organismos do passado foi extraído de uma rocha vulcânica em Mianmar, no sudeste asiático, e virou tema de um artigo publicado nesta segunda-feira (13) no periódico PNAS. “É raro encontrar organismos aquáticos em âmbar, e extremamente raro achar organismos marinhos”, escrevem os paleontólogos.

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Essas pedrinhas cor de mel não se solidificam embaixo d’água, então não é possível que tenham se formado no mar. Os cientistas partiram de algumas evidências para reconstruir a fantástica e improvável sequência de eventos que resultou na formação dos fósseis. Tanto a concha do amonite quanto os restos das lesmas-do-mar foram essenciais para a formulação da teoria. Eles estavam bastante desgastados, não havia sinal de tecidos moles, e a concha estava repleta de areia.

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(PNAS/Reprodução)

Para os autores, isso indica que as criaturas marinhas já estavam mortas quando foram engolfadas pelo âmbar. Provavelmente, foram arrastas por ondas até a praia.

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Já a floresta de âmbar era necessariamente costeira. Os pesquisadores cogitam que as conchas podem ter sido levadas até a mata por eventos extremos, como uma ressaca pós-tempestade ou um tsunami. O mais provável, porém, é que árvores bem próximas à praia tenham produzido a resina.

A seiva leva um tempo para cristalizar e, quando sai da árvore, é pegajosa – como um mel. Os pesquisadores acreditam que, até pingar no chão, foi grudando nela os insetos que estavam ali. E, ao cair na areia, capturou também as conchas.

Por sorte, o âmbar sobreviveu ao caótico ambiente praiano. A areia ao redor do âmbar eventualmente virou arenito (uma formação rochosa) – que preservou essa inestimável coleção de fauna cretácea por milhões de anos.

 

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